quinta-feira, 26 de maio de 2011

Tiradentes ladrão de dentes...

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quarta-feira, 25 de maio de 2011

** ARTIGO - TIRADENTES: Ladrão de dentes de ouro dos mortos LEITURAS PERIGOSAS: A farsa em torno de nosso principal herói.


TIRADENTES: Ladrão de dentes de ouro dos mortos

LEITURAS PERIGOSAS: A farsa em torno de nosso principal herói.
Por *Emmanoel Gomes



A história do Brasil precisa ser revisitada em quase tudo. Tenho feito essa afirmativa em todas as minhas palestras. Neste artigo gostaria de refletir sobre a história deste que seria o maior herói de nossa pátria.

O título pode até chocar a maioria das pessoas que conhecem somente a versão oficial da história desse personagem, porém a afirmativa é ou deveria ser conhecida dos historiadores e professores de história. Não é nenhum exagero afirmar que este personagem é uma ficção dos republicanos e maçons do final do século XIX e inicio do século XX.

A maioria dos nossos personagens pátrios são projeções daquilo que nossas elites gostariam de ter sido e não foram.
Vários autores como: Dr. Otto de Alencar de Sá Pereira, livre-docente da Universidade Católica de Petrópolis, autor do livro "Diálogos Monárquicos". Hipólito da Costa "Narrativa da Perseguição". Martin Francisco Ribeiro de Andrada III com o livro "Contribuindo"editado em 1921, entre outros, lançam as dúvidas que derrubam o heroísmo histórico do personagem ora visto.

Além desses autores, uma gama enorme de novos estudiosos vem revelando o quanto nossa história é composta por grande quantidade de eventos e personagens resultado da pura intenção de se legitimar os ideais elitistas e coronelescos deste país.

Os historiadores "oficiais" insistem na idéia do "documento" como instrumento legitimador da história. Como se os interesses de grande parte dos poderosos, alheios a ética e verdade, não pudessem escrever nos "documentos" aquilo que era dos seus interesses.

A maioria dos historiadores e professores de história deve lembrar que foi essa mesma elite que manteve a maldita escravidão, a infame concentração de terras e rendas, o atual sistema tributário que denigre a todos nós, os autoritários sistemas políticos que por centenas de anos impediram a democratização da sociedade brasileira.

A mesma elite política que desde o tempo de Cabral já se utilizava de instrumentos como a mordaça, degredo, cinismo e corrupção para seu enriquecimento.

Os documentos históricos produzidos por essa ótica devem ser profundamente questionados dentro dos princípios da transparência, razoabilidade, criticidade, politicidade e verdade.

Vamos refletir a história de Tiradentes buscando esses conceitos. Ele foi membro da Inconfidência Mineira ocorrida no ano de 1789, na cidade de Vila Rica, atual Ouro Preto Minas Gerais. Foi transformado em herói pelo movimento republicano brasileiro, movimento que criou um modelo de república tão ruim que entrou para a história do Brasil como "República Velha ou República dos Coronéis". A prática política era tão corrupta ou até pior que a praticada no período imperial do Brasil.

Nosso maior herói, membro pobre da maçonaria, foi personagem de uma conspiração que nem chegou a acontecer, pois foi delatada, dedurada, por Joaquim Silvério dos Reis, um dos maçons que era membro do tal levante.

Não tenho a intenção de diminuir ou ridicularizar a nossa história, pois temos centenas de milhares de grandes figuras históricas que merecem nosso respeito, poderia citar: Antônio Cândido, o Almirante Negro da Revolta da Chibata, Zumbi do Palmares, Tereza de Benguela a Rainha Negra do Vale do Guaporé, Candido Rondon, um dos maiores sertanistas do mundo, Ajuricaba da tribo dos Manaós, Lucas Dantas, Luiz Gonzaga das Virgens, Manuel Faustino dos Santos Lira e João de Deus Nascimento, ambos integrantes da Revolta dos Alfaiates na Bahia, Manoel Barbeiro, Patriota, Joaquim Antônio, membros da Cabanagem ocorrida no Pará, Plácido de Castro o Libertador do Acre, os fortes homens e mulheres que lutaram pelo ideal de Canudos etc.

Esses possuíam muitos defeitos para as elites, ou eram negros, índios e pobres, ou ainda, lutaram contra o modelo tupiniquim de República retrograda do Brasil do café com leite.

Se olharmos para os heróis nacionais de outros países, veremos que marcaram seu tempo e país com atos de bravura, expondo suas valorosas qualidades, como a honra, solidariedade, defesa dos ideais de liberdade etc. Podemos citar a Joana Darc na França, Gandhi na Índia, El Cid na Espanha e Abrahan Lincoln nos EUA.

Nosso Tiradentes não ficou conhecido nem pelo nome verdadeiro e sim por um apelido. Existe uma série de dúvidas sobre este personagem, muitos autores revelam coisas terríveis, há quem afirme que nosso "herói", recebeu este apelido em função de roubar os dentes de ouro dos mortos. Segundo alguns textos nosso herói não teria sido enforcado e nem sofrido o esquartejamento.

Em 1969, o historiador carioca Marcos Correa estava em Lisboa quando viu fotocópias de uma lista de presença na galeria da Assembléia Nacional francesa de 1793. Correa pesquisava sobre José Bonifácio de Andrada e Silva e acabou encontrando a assinatura que era o objeto de suas pesquisas. Próximo à assinatura de José Bonifácio, também aparecia a de um certo Antônio Xavier da Silva. Correa era funcionário do Banco do Brasil, se formara em grafotécnica e, por um acaso do destino, havia estudado muito a assinatura de Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes. Concluiu que as semelhanças eram impressionantes.

Tiradentes foi preso no Rio de Janeiro, na Cadeia Velha, e seu julgamento prolongou-se por dois anos. Durante todo o processo, ele admitiu voluntariamente ser o líder do movimento, com culpa exclusiva, uma atitude tipicamente de um "bode" maçônico, e mesmo porque tinha a promessa que livrariam a sua cabeça na hipótese de uma condenação. Em 21 de abril de 1792, com a ajuda de companheiros da maçonaria, foi trocado por um ladrão. O carpinteiro Isidoro Gouveia.

O ladrão havia sido condenado à morte em 1790 e assumiu a identidade de Tiradentes, em troca de ajuda financeira à sua família, oferecida a ele pela maçonaria. Gouveia foi conduzido ao cadafalso e testemunhas e testemunhas que presenciaram a sua morte se diziam surpresas porque ele aparentava ter bem menos que os 45 anos de idade que tinha Tiradentes.

No livro, de 1811, de autoria de Hipólito da Costa, "Narrativa da Perseguição" é documentada a diferença física de Tiradentes com o homem que foi executado em 21 de abril de 1792. O escritor Martim Francisco Ribeiro de Andrada III escreveu no livro "Contribuindo", de 1921: "Ninguém, por ocasião do suplício, lhe viu o rosto, e até hoje se discute se ele era feio ou bonito.

O corpo do ladrão Gouveia foi esquartejado e os pedaços espalhados pela estrada até Vila Rica, atual Ouro Preto, cidade onde ocorreu a Inconfidência Mineira. A cabeça foi salgada e colocada em uma gaiola presa numa estaca no centro da Praça de Santa Quitéria, hoje Praça Tiradentes. Foi roubada no dia seguinte, por membros da maçonaria, para que a farsa não fosse descoberta.



IMAGEM DE TIRADENTES OU IMAGEM DE JESUS CRISTO?

Gostaria de convidar o leitor para comigo, fazer uma pequena comparação histórica. Tiradentes teve sua imagem construída em profunda semelhança com a de Jesus Cristo. É até complicado separar um do outro. Jesus era acompanhado por seus apóstolos. Tiradentes era acompanhado por seus inconfidentes. Tanto entre os apóstolos como entre os inconfidentes não existiam mulheres. Jesus foi traído por Judas em troca de um punhado de moedas de ouro. Tiradentes foi traído por Joaquim Silvério dos Reis por um punhado de moedas de ouro. Jesus assumiu toda a responsabilidade, acabou sendo executado sozinho. Tiradentes assumiu toda a responsabilidade e teria sido executado também sozinho. Judas se enforcou por conta do profundo arrependimento. Joaquim Silvério dos Reis também se enforcou.

Meus queridos alunos, sem rodeio, sem ingenuidades, sabendo o país que temos os dirigentes políticos que temos os historiadores a serviço da legitimação dos ideais, patriarcal, branco, latifundiário, cristão, autoritário que temos. Fica a pergunta: até quando vamos levar esta farsa?

* EMMANOEL GOMES É PROFESSOR DE HISTÓRIA, HISTORIADOR E MEMBRO DA ACADEMIA VILHENENSE DE LETRAS
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quarta-feira, 18 de maio de 2011

sexta-feira, 13 de maio de 2011

Livro traz à luz a Revolta do Batalhão Naval


Livro traz à luz a Revolta do Batalhão Naval

Débora Motta

Reprodução
Livro tem como fonte inquérito policial
da época que ficou desconhecido
A Revolta da Chibata é um capítulo bem conhecido da história – marinheiros liderados por João Cândido tomaram navios de guerra ancorados na Baía de Guanabara, para pressionar as autoridades a pôr fim aos castigos físicos que ainda vigoravam na Marinha, entre outras reivindicações trabalhistas. No entanto, um outro episódio ocorrido no mesmo ano, 1910, como desdobramento desse conflito e com praticamente os mesmos protagonistas, ainda é pouco conhecido e costuma ficar restrito aos rodapés dos livros acadêmicos. Trata-se da Revolta do Batalhão Naval, tema do livro homônimo do historiador Henrique Samet, professor adjunto do Setor de Letras Orientais e Eslavas da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). A obra foi publicada com apoio da FAPERJ, por meio do Programa de Auxílio à Editoração (APQ3).

Em A Revolta do Batalhão Naval (editora Garamond, 332 pp.), o autor passa a limpo o conflito que se deu em apenas 18 horas (das 21h do dia 9 de dezembro de 1910 às 15h do dia seguinte), pouco depois da Revolta da Chibata, desencadeada na manhã de 22 de novembro daquele ano. Apesar de rápido, o levante que teve como foco a Ilha das Cobras serviu para anular os efeitos da anistia concedida aos marinheiros da Chibata, a pretexto de terem dado apoio ao novo movimento. A anistia havia sido concedida depois de uma campanha liderada pelo então senador Ruy Barbosa, relator do processo acatado a contragosto pelo recém-empossado presidente Hermes da Fonseca. Para os oficiais da Marinha, no entanto, ela representava a impunidade daqueles mesmos marinheiros que mataram, durante o conflito da Chibata, alguns colegas da alta patente.

Motivação política da revolta

No clima tenso gerado pela Revolta da Chibata, havia interesses políticos de três grupos: os oficiais da Marinha; os marinheiros e fuzileiros navais, à época conhecidos como soldados do Batalhão Naval; e o governo. Antes da posse do militar Hermes da Fonseca à presidência, seus adeptos haviam travado uma dura campanha eleitoral contra os civilistas – contrários ao domínio da vida política pelos militares, entre os quais se destacava Ruy Barbosa, que tinha o apoio da bancada de São Paulo e Bahia, mas perdeu para o marechal Hermes. "Entre os oficiais da Marinha, a concessão da anistia aos revoltosos da Chibata gerou forte oposição. Para eles, a Chibata foi mais do que um desrespeito à hierarquia. Ela feriu os brios da oficialidade", diz Samet.

Para os marinheiros, os conflitos de 1910 representaram a luta por condições de vida dignas, como oito horas diárias de trabalho e o fim das chibatadas, que apesar de proibidas logo após a Proclamação da República, em 1889, ainda eram uma prática corriqueira na Marinha, por pressão do oficialato. "A reivindicação das classes ditas subalternas da Marinha ganhou a simpatia da imprensa", afirma o historiador. Vale lembrar que as duras penas impostas aos marinheiros eram herança de uma mentalidade escravagista. "A maioria dos revoltosos era negra, pobre e analfabeta. Muitos entre os recrutados ao serviço militar eram jovens que cometiam delitos e eram casos de polícia. Este aspecto social foi utilizado pelos oficiais como uma desculpa para justificar a necessidade dos castigos físicos, já que os enquadrava em uma categoria depreciada."

O confronto do Batalhão Naval

Apesar da anistia, os oficiais começaram a articular uma série de represálias aos marinheiros que participaram da Revolta da Chibata. Todos os navios de guerra que haviam sido utilizados nesta revolta foram desarmados. Desse modo, os marinheiros não podiam repetir o gesto de resistência no mar. De acordo com o professor, relatos de personagens da época contam que os oficiais tentaram convencer os próprios fuzileiros do Batalhão Naval a atacar os marinheiros revoltosos, que estavam embarcados. "Houve uma provocação do oficialato para que os soldados do Batalhão Naval tomassem os navios e atacassem os marinheiros embarcados que haviam se envolvido na Chibata. Eles não imaginavam que os fuzileiros se tornariam aliados dos marinheiros e dariam início à Revolta do Batalhão Naval", resume.

A proximidade entre os soldados do Batalhão Naval e os marinheiros pode ser justificada pelo compartilhamento da mesma avaliação racial negativa pelo corpo de oficiais. Ambos eram de maioria negra. Outro fator que pode explicar a camaradagem foi o fato de o presídio da Marinha na Ilha das Cobras estar sob guarda e responsabilidade dos soldados do Batalhão Naval, o que propiciava um convívio mais estreito. "Naquelas circunstâncias excepcionais, o presídio concentrava não só marinheiros presos e sentenciados por crimes comuns e disciplinares, mas alguns envolvidos na Revolta da Chibata", conta o professor.

Assim, o novo conflito na Armada estourou no Batalhão Naval. "Os oficiais que estavam na Ilha das Cobras no dia da Revolta do Batalhão Naval foram surpreendidos. Os líderes do movimento tomaram o paiol das armas e, de posse da munição, que os marinheiros já não tinham acesso nos navios, começaram a bombardear a cidade do Rio", narra. Além do contingente dos fuzileiros que se encontravam na Ilha, participaram da ação os prisioneiros que estavam no local, entre eles revoltosos da Chibata, libertados para o combate. A revolta foi reprimida duramente. A Ilha das Cobras foi bombardeada a partir da Praça XV e do mosteiro de São Bento, e principalmente por ataques vindos do mar. Segundo o professor, o número de mortos entre militares e civis não foi oficialmente divulgado, mas avalia-se que houve pelo menos 45 mortos militares na rebelião, a maior parte, rebeldes.
O líder da Chibata, João Cândido, que estava a bordo do couraçado Minas Gerais durante o confronto, não aderiu a essa segunda revolta. No entanto, o saldo final foi negativo para ele e para todos os revoltosos de 1910. João Cândido e os outros líderes da Chibata e do Batalhão Naval foram presos e literalmente jogados nas masmorras subterrâneas da Ilha das Cobras. As celas eram praticamente inabitáveis, sem entrada de ar. E a pretexto de desinfetarem as instalações, foram banhadas com água e cal, o que provocou a intoxicação e morte de 16 de seus 18 ocupantes. Sobraram apenas João Cândido e mais outro marinheiro.

Fontes ainda desconhecidas

O longo trabalho de pesquisa do professor Henrique Samet, de seis anos, teve como base um documento inédito encontrado em meio a caixas do Arquivo Nacional, talvez o único capaz de ajudar os historiadores a esclarecer mais precisamente a Revolta do Batalhão Naval – o Inquérito da 3ª Delegacia Auxiliar da Polícia Civil. "É um material precioso porque foi elaborado pela polícia para investigar as razões da Revolta do Batalhão Naval, e não pela própria Marinha", conta, acrescentando que o documento contém depoimentos de mais de 40 testemunhas do inquérito, sendo apenas dois oficiais da Marinha, o que torna possível investigar outras vertentes da história. Ele também pesquisou nos arquivos do Serviço de Documentação da Marinha.

A ausência de documentação sobre o episódio, que teria sido desviada acidentalmente ou de propósito, para dificultar pesquisas sobre o movimento, é uma das explicações para a escassez de estudos a respeito do conflito. "Outra explicação do desinteresse pelo tema é a aceitação tácita de alguns historiadores de versões oficiais da época, que erroneamente induzem a acreditar que a revolta não teve grande expressão em si porque não teria passado de mera provocação, encenada por oficiais da Marinha, para justificar os castigos que haviam sido proibidos pela anistia dada aos rebelados da Chibata", pondera Samet. Para ele, a revolta foi uma reação espontânea, longe de ter sido forjada pelo oficialato ou mesmo pelo governo. "A Revolta do Batalhão Naval nasceu do sentimento legítimo de medo que assolava os marinheiros revoltosos na iminência de represálias, e da solidariedade dos fuzileiros navais aos marinheiros, colegas de baixo escalão."

Uma das figuras cuja identidade ainda é uma incógnita, devido à falta de informações, é a de Jesuíno da Lima Carvalho, vulgo cabo Piaba. "Sabe-se que o cabo Piaba foi o líder da Revolta do Batalhão Naval, mas não há informações muito detalhadas. Ele era o praça mais antiga, apesar de cabo não sabia ler nem escrever e, nascido no Rio Grande do Sul, havia sido marinheiro antes de se tornar fuzileiro, o que pode ter justificado seu posicionamento como líder dos revoltosos", diz. E prossegue: "No inquérito, ele disse que oficiais o consultaram para contra-atacar suboficiais do Batalhão Naval." Ao contrário de João Cândido, conhecido como o Almirante Negro e considerado um verdadeiro herói popular, o líder do Batalhão revoltado não teve sua memória preservada. "É preciso resgatar figuras como a do cabo Piaba de um anonimato injusto", conclui Samet.
© FAPERJ – Todas as matérias poderão ser reproduzidas, desde que citada a fonte

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sexta-feira, 13 de maio de 2011



quinta-feira, 12 de maio de 2011

Local, global, por Bauman.


Globalização-as consequências humanas- Zygmunt Bauman(1999).


Palavras chave: local, global, capital, interatividade, vagabundos, turistas, espaço, rua, estratégia, fluxo, homens, política, controle e, “outras mumunhas”...que nos últimos dias, me fizeram reler o sujeito que escreveu estas bem traçadas linhas atuais pra chuchu e que deveriam se espalhar com a mesma velocidade com que se dispara um poste a esmo sem medidas .


"(...)os vagabundos se movem porque acham o mundo a seu alcance(local) insuportavelmente inóspito. Os turistas viajam por que querem; os vagabundos porque não têm outra opção suportável. Pode-se dizer que os vagabundos são turistas involuntários; mas a noção de "turista involuntário" é uma contradição em termos. Por mais que a estratégia do turista possa ser uma necessidade num mundo marcado por muros e estradas móveis, a liberdade de escolha é a carne e o sangue do turista . Tire-se a atração, a poesia e mesmo a suportabilidade da vida do turista se vão inteiramente" Turistas e vagabundos, Bauman.


“os vagabundos são o refugo do mundo que se dedica aos turistas”

Turistas e vagabundos, Bauman.



Ninguém está no controle agora


Em outras palavras: ninguém parece estar no controle agora. Pior ainda- não está claro o que seria , nas circunstâncias atuais “ter controle". Como antes, todas as iniciativas e ações de ordenação são locais e orientadas para questões específicas;mas não há mais localidade com arrogância o bastante para falar em nome da humanidade como um todo ou para ser ouvida e obedecida pela humanidade ao se pronunciar. Nem há mais uma questão que possa teleguiar a totalidade dos assuntos mundiais e impor a concordância global.

Depois da Nação- estado, o quê?-, Bauman.



Muitas das alavancas da política econômica não mais funcionam


Num mundo em que o capital não tem domicílio fixo e os fluxos financeiros estão bem além dos governos nacionais, muitas das alavancas da política econômica não mais funcionam”.

Depois da Nação- estado, o quê?-, Bauman.



Interatividade one way


“A elogiadíssima “interatividade” do novo veículo é um grande exagero, deveriam falar num “meio interativo one-way”. Ao contrário do que costumam acreditar os acadêmicos, eles próprios integram uma elite global, a Internet e a Web não são para qualquer um, e é provável que jamais venham se abrir para uso universal”

Guerras espaciais:informe de carreira-Bauman.


A morte da rua: Brasília


“Para Cidade Radiante do futuro, a norma da arquitetura consciente de sua vocação significaria portanto a morte da rua como aconhecemos- esse incoerente e contínuo subproduto da história construtora, descoordenada e assincrônica, campo de batalha de usos incompatíveis, sítio do acidental e do ambíguo”

Guerras espaciais:informe de carreira-Bauman.



Num mundo onírico de harmonia e ordem pré -determinada

“os homens jamais podem se tornar bons simplesmente seguindo as boas ordens e os planos dos outros”,

Guerras espaciais:informe de carreira-Bauman.


Lavando as mãos até que os “colarinhos brancos” fiquem invisíveis


“Qualquer perigo que possa se supor ou considerar no crime do “colarinho branco” é de uma ordem totalmente diversa. Seria extremamente difícil ver como levar os acusados à justiça possa aliviar os sofrimentos atribuídos aos perigos mais tangíveis que se esgueiram nos bairros pobres da e ruas sórdidas da cidade. Não há, portanto, muito capital político a extrair do fato de “ser visto como que fazendo contra o crime do “colarinho branco”. E há pouca pressão política sobre os legisladores e guardiões da ordem para abrir as mentes e flexionar seus músculos de modo a tornar mais efetivo o combate a esse tipo de crime ; nenhuma comparação com o clamor público contra os ladrões de carros, assaltantes e violentadores, ou contra os responsáveis pela lei e a ordem considerados muito frouxos ou condescedentes por não os colocarem no lugar onde deveriam estar, a prisão.

Lei global: ordens locais, Bauman.


BAUMAN, Zygmunt. A Globalização- as consequências humanas- J.Z.Editores, Rio-1999.

MAIS:http://baumaneaeducacao.blogspot.com/2010/10/istoe-entrevista-zygmunt-bauman.html

quinta-feira, 5 de maio de 2011

O Iluminismo como Negócio



Livraria em Paris, ilustração do século XVIII. Fonte: DARNTON, Robert. O Iluminismo como negócio: história da publicação da Enciclopédia (1775-1800).

Acredito em coisas como a amizade.

Acredito em coisas como a amizade.

por Eduardo Affonso, quarta, 4 de maio de 2011 às 12:09

Sou sonhador. Acredito em coisas como a amizade. Em muitas situações pude demonstar a eficácia de um abraço, de um aperto de mãos, um olhar. Em muitas situações fui afagado quando a loucura da paixão me feriu. Lá estava um amigo, uma amiga. Estudei não por acaso e admiro a Geração Beat, turma de escritores amigos uns dos outros, mas vistos, assim, com certo desprezo por generalizações maliciosas do tipo: -"eles eram uns doidões". Tenho me preocupado com as ditas pessoas normais, acho que desde sempre. Por que sei que não faço parte desse grupo. Todos dos dias me lanço numa idéia de auto- conhecimento e estou aberto a experiências extra-sensoriais e ao pensamento. O universo nos aproxima e nos separa daquilo que desejamos. Espero que continue assim para sempre! E nada temo daqueles que não compreendem as coisas simples que a poesia sinaliza a todo momento. Estou em movimento com ela. Acredito que o tal amor próprio, cultivado coletivamente junto a outras sensibilidades, pode melhorar um pouco de tudo. E toco o meu barco. É isso.

O QUEIJO E OS VERMES


O mundo de tantas certezas não deve temer nenhuma teoria. Juntando-se a tantas, incertezas absolutas e verdade relativas, a obra dos historiador pode ser desafiadora. É o que sempre se espera. Não raro ela surge como reveladora, neste presente que derrete ideologias, transforma quase tudo em pasta e nos submete a pensar sobre a a manutenção do simbólico em nossas vidas. O trabalho de Ginzburg encontra eco a todo momento em nossas vidas .


Ao pesquisar uma seita italiana de curandeiros e bruxos, o historiador Carlo Ginzburg deparou-se com o julgamento excepcionalmente detalhado. Tratava-se do depoimento de Menocchio, um moleiro do norte da Itália, que no século XVI ousara afirmar que o mundo tinha origem na putrefação. “Tudo era um caos, isto é, terra, ar, água e fogo juntos, e de todo aquele volume em movimento se formou uma massa, do mesmo modo como o queijo é feito de leite, e do qual surgem os vermes, e esses foram os anjos”. Graças ao fascínio dos inquisidores pelas crenças desse moleiro, Ginzburg encontrou farta documentação, a partir da qual pôde reconstituir a trajetória de Menocchio num texto claro e atraente, e desembocar em uma hipótese geral sobre a cultura popular da Europa pré-industrial. O queijo e os vermes-Cia das Letras. Carlo Ginzburg.



Deus é um senhor e os senhores não usam as mãos para trabalhar. ''Esse Deus fez,criou, produziu criou alguma criatura"? -perguntam os inquisidores. “Ele providenciou que fosse dada a vontade para que todas as coisas fossem feitas”-respondeu Menocchio. Mesmo quando comparado a um carpinteiro ou pedreiro, Deus possui sempre "feitores” ou "trabalhadores" a seu serviço. Uma única vez arrebatado pelo seu discurso cheio de entusiamo contra a adoração das imagens, Menocchio falou do "Deus único que fez o céu e a terra". Na verdade, para ele, Deus não fez nada, da mesma forma que Seu capataz, o Espírito Santo, nada fez também. Quem pôs mãos à obra na “criação do mundo” foram os “feitores”, os “trabalhadores”-os anjos. E os anjos, quem os teria feito? A natureza:, a partir da mais perfeita substância do mundo, assim como os vermes nascem do queijo...”p.111

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Olá, gostei muito do Blog. Tenho interesse em "desbravar" a serra do barata, conhecer, saber mais e apoiar as iniciativas em torno deste espaço. Como faço para chegar? moro na rua carumbém próximo a piraquara. Por onde devo subir? abraço, Suellen