domingo, 10 de agosto de 2008

tarde

nossa tarde

Tarde bem aproveitada












ANGOLA INDEPENDENTE



Publicação Revista Ágora- 01-2004


REVISTA DE HISTÓRIA -SIMONSEN




Angola Independente

Eduardo Pimentel Affonso
Mário Luiz Siqueira de Araújo

Angola Independente conta os seus mortos, faz em novembro, 29 anos tentando encontrar a paz. A construção de nosso trabalho teve como objetivo a utilização da história oral. Desde o momento em que tomamos conhecimento dos temas propostos pela professora da cadeira de África, procuramos seguir a máxima de Ki – Zerbo: “A história da África é a história da sua tomada de consciência”. Angola, especificamente nos últimos 29 anos de independência, perpassa a consciência de que fala Ki – Zerbo. O fato de Angola não ter encontrado ainda a via pacífica pode significar bem mais do que uma tomada equivocada de consciência. Angola fez sua independência ainda no processo de guerra fria. É, portanto, ainda, vítima de ideologias conflitantes que perduraram no seio da construção do poder. A caricatura da situação angolana é refletida em milhares de mortos e na vitimação constante da população, exposta a milhares de minas terrestres. Pouco antes do trágico acidente que a vitimou, “Lady Di”, visitou Angola em campanha para a retirada destas minas e a proposta de suspensão da fabricação pela indústria mundial de armas. Esta situação é denunciada através do sítio HYPERLINK http://www.cafemongolo.cbj.net/ www.cafemongolo.cbj.net/, que alerta a todos sobre “a luta pelo poder”, que reproduzimos na íntegra abaixo: “Eduardo dos Santos e Savimbi (Jonas Savimbi), ambos sentados, cada um sobre o seu monte de corpos, disparando um sobre o outro, não balas, nem minas, nem insultos, mas corpos, sim, corpos de angolanos, a verdadeira munição utilizada pelas duas forças”. “A verdade é que nenhum dos dois quer paz, nenhum dos dois quer largar a luta pelo poder. A comunidade internacional não consegue actuar de forma isenta e parcial, também ela está refém das duas ambições”. “Cabe aos angolanos, apelar, gritar, rebelar-se contra os dois beligerantes. Mas não só, há que educar as mentes e os corações, há que fomentar o diálogo. Não se trata de uma discussão apaixonada, mas o verdadeiro futuro da nação, o banho frio que acalma a ira, para que os sentimentos não se imponham a razão”. Sempre pela paz Mulcuice HYPERLINK http://www.cafemongolo.cjb.net/ www.cafemongolo.cjb.net/ Embora o sítio convoque os angolanos para: “apelar, gritar, rebelarem-se contra os beligerantes”, tivemos dificuldade em encontrar dos angolanos que aqui estudam, alguma receptividade para soltar a voz pela paz em uma entrevista. Causou-nos estranheza, depois compreensão, a resistência em conversar conosco de um estudante angolano. “Não quero falar de política”. “A democracia não existe”. Ficou de trazer-nos o contato de um comandante do MPLA, que vive na Vila do João (RJ) e uma revista. Recebemos apenas a revista. Um material sobre os 25 anos de independência, realizado para convencer mercados externos. Mas a sorte não sorri duas vezes. Realizamos a entrevista com o professor Carlos Cabral, dias depois dele nos entregar um vasto material (xerox) e o livro África Arde, de Carlos Comitini (Editora Codecri), “para que nos preparássemos para entrevistá-lo”.
A vosso pedido. Optamos pela forma de entrevista por serem raras as oportunidades de trabalho com fontes primárias. Dedicamos esta entrevista a Francisco Manuel Meteque, nascido em Muambo (terra de Savimbi), em 15/08/1970. Meteque serviu no MPLA e fugiu da guerra. Vive numa favela, Vila do Pinheiro (RJ) e é servente no Aeroporto Internacional Tom Jobim. Meteque, que encontramos por acaso, declarou: “A situação em Angola é gravíssima e a guerra só interessa para quem lucra com ela”. Segundo ele “O MPLA domina 65% do território, cabendo o restante as mãos da UNITA”. Mas ao contrário da revista África Hoje (Nº 147), onde não aparecem os efeitos da guerra, “Angola está destruída”. “Os prédios de Luanda estão no chão”. “Não há quem tire isto daquele comovente olhar”.
Entrevista com Carlos Alberto Ribeiro Cabral, nascido na ex-colônia portuguesa de Nova Guiné, atual Guiné-Bissau. Carlos Cabral é professor, formado pela UFRS em Mestre em Oceanografia. Tem 46 anos e lecionou nas Faculdades Integradas Simonsen.

O Grupo: - Professor, o seu país tem relação com Angola, é uma das ex-colônias de Portugal. Antes de entrarmos nas especificidades de Angola, o senhor poderia nos falar um pouco sobre Guiné-Bissau e a independência?

Cabral: - Bom, a independência de Guiné-Bissau ocorreu devido a uma luta do PAIGC (Partido Africano para Independência da Guiné-Bissau e Cabo Verde), sobre a liderança do engenheiro agrônomo Amilcar Cabral, que pretendia após a independência da Guiné e Cabo Verde, uma união orgânica entre os dois países. Foram 17 anos de luta política, dos quais 11 foram de luta armada. Cerca de 2/3 da Guiné já estavam livres, quando ocorreu o 25 de Abril em Portugal, a Revolução dos Cravos (1974).

O Grupo: - Então, este fato alavancou a independência?

Carlos Cabral: - Com o movimento dos capitães portugueses. A partir daí, o governo Português aceitou entrar em negociação com o PAIGC. Houve uma reunião fracassada, que ocorreu em Argel, depois outras em Londres, na qual o Governo Português reconheceu a nossa independência, a partir de 10 de Setembro de 1974.
O Grupo: - Mas antes, como ocorreu o conflito?

Carlos Cabral: - Não havia acordo e cada parte fazia a sua propaganda, mas não havia diálogo. Cada qual dizia o que ocorria no teatro das operações e fazia a guerra de informações e contra-informações. Quando as negociações se tornaram eficazes, em Londres, o PAIGC estava presente através dos seus principais oficiais, enquanto Portugal enviou o Ministro de Negócios Estrangeiros, Dr. Mário Soares. Com o sucesso das negociações em Londres, então, as tropas portuguesas se retiraram. Houve a chamada Ponte - Aérea (Lisboa – Bissau / Bissau – Lisboa), os aviões vinham, três ou quatro aviões Boings por dia, para enviar as tropas de volta, e trouxeram navios para retirar todo o aparato bélico. O PAIGC foi entrando aos poucos na capital e a partir daí não houve mais problemas.

O Grupo: - Isso não aconteceu em Angola. Quando na verdade já havia um acordo para entrega do poder, o acordo é cumprido, mas há uma luta feroz pelo poder que ficará vago com a retirada repentina de Portugal.

Carlos Cabral: - Bom ... Eu cresci ouvindo rádio. Ouvia entre elas a BBC de Londres, a Belchevair da Alemanha, França Internacional, Rádio Moscou ... O meu pai ligava o rádio e eu ficava também escutando. Então vou fazer um depoimento do que eu ouvia na época, dos jornais que eu lia e de pessoas amigas que voltaram de lá e me contavam a situação. Apesar de ter havido um acordo (ALVOR, em Portugal), entre o governo de Portugal e os movimentos de libertação de Angola para a independência, em 11 de Novembro de 1975, os portugueses apenas deixaram o poder no chão e simplesmente saíram. O que diferentemente ocorreu na Guiné, pois em Angola ao saírem, destruíram tudo que tinham. Desde pratos, louças, até colocar areia nos canos, estragando tudo que não pudessem levar. Então o presidente do MPLA (Movimento Para Libertação de Angola), neste dia entre a tarde e a noite, proclamou a independência.

O Grupo: - Segundo lemos no livro de Carlos Comitini, África Arde, o desdobramento da independência proclamada pelo MPLA, desfechou uma série de ataques ao governo de Agostinho Neto em Luanda.

Carlos Cabral: - Logo em seguida a FNLA (Frente Nacional de Libertação de Angola), através de Holden Roberto, que segundo ouvi falar, seria cunhado do ditador do Zaire, Mobutu, o teria convidado para ajudá-lo a tomar o poder, invadindo Angola pelo Norte.
Não contente com isso a UNITA (União Nacional para Independência Total de Angola), de Jonas Savimbi, que consta tinha grande vinculação não só com os Estados Unidos da América, mas que também recebia suprimentos de Portugal, que preparava-se para uma espécie de Neo – Colonialismo, para através da UNITA invadir pelo Sul. Teve ajuda também da África do Sul racista e da Namíbia, que também estava sobre administração branca. Resultado: pelo Norte entraram as tropas da FNLA e ao Sul com a UINITA. própria África do Sul também entrou, junto com ele também entraram mercenários norte – americanos. Ao ponto que havia uma canção que aprendi na época, a qual na minha terra também cantávamos.

O Grupo: - Como é a canção?

Cabral: - “Norte – Americanos, invadem o nosso país ... (cantando) Sul – Africanos, invadem o nosso país ... Zairenses, invadem o nosso país ... A convite de Savimbi, A convite de Savimbi, Holden Roberto ... E por aí vai ... De fato houve algumas prisões de mercenários norte americanos. Aconteceu um julgamento em Luanda e foram condenados a morte. Mas depois houve comutação da pena. Isto foi bastante comentado na época, lá para 1976/77 ... Foi um julgamento internacional aberto e todos puderam saber do processo que estava se desenrolando. O Grupo: - Houve também a ajuda de Cuba para o MPLA? Não só de Cuba, mas da ex – URSS, Alemanha Oriental, Tchecoslováquia ... Outro dia ouvimos um documentário na Peaple and Arts, em que o próprio Fidel teria comandado a ofensiva do MPLA. Carlos Cabral: - A situação se tornou politicamente insustentável. Ao ponto que os combates chegaram até Luanda, que ficou praticamente como Beirute em tempo de guerra. Não se podia mais administrar a própria Luanda. Frente a esta invasão forte no Norte e do Sul, inclusive com tropas regulares da África do Sul, o novo regime de Angola, proclamado pelo Dr. Agostinho Neto, teve necessidade de apelar para que os países amigos o ajudassem. Nomeadamente Cuba, que consta mandar um efetivo que foi aumentado até atingir cerca de 20 mil homens.

O Grupo: - E o seu país, também enviou homens em armas?

Carlos Cabral: - Eu trabalhava no aeroporto Calanca, a 8Km da capital, que é a cidade de Bissau, cheguei a ver tropas uma vez e ouvi dizer que eram da artilharia antiaérea da Guiné – Bissau. Era um comando, uma companhia que tinha o nome de Abel Faci, pseudônimo de nosso imortal líder Amilcar Cabral. Eram especialistas que foram ajudar a defender pelo menos o espaço aéreo de Luanda.
Houve uma ajuda que seria multifacetada, entre as quais, uma pequena contribuição da Guiné – Bissau.

Grupo: - Voltando à Cuba. Outro dia vi um documentário produzido pela televisão americana, do canal Peaple and Arts, que dizia que o próprio Fidel Castro teria sido o comandante da reação e da ofensiva angolana, que essa ofensiva fora planejada e executada de Havana por ele.

Carlos Cabral: - Disso eu não soube, mas eu acho que as tropas cubanas têm bastante autonomia e capacidade. Acho que os que estavam a frente das companhias, pelotões e unidades, tinham condições de dar sozinhos conta do recado. Agora o que eu lamento muito, depois de todo esse problema, é uns pais (Angola), que passou anos e anos em luta pela libertação de seu território, que era uma coisa perfeitamente normal (...) o ano de 1960 já foi considerado o ano das descolonizações, o que ocorreu com as colônias francesas e inglesas, com essa colônia portuguesa, depois de tantos anos de sofrimento, após a independência não houve a paz, continuou a guerra. Bom, essa guerra perdurou até que houve a intervenção da ONU, houve o acordo, eleições, e mesmo assim a UNITA teima em não respeitar e boicotar esse processo.

Grupo: - O Senhor tem noção de quantos cidadãos angolanos, de qual é o contingente populacional que está fora de Angola neste momento?

Cabral: - Acredito que sejam milhares de refugiados, de gente repatriada, fora da pátria (expatriada), devido a esse problema de guerra. A situação internacional já está grave em termos de alimentação, de emprego, ... mas quando há um grave problema de minas, por exemplo, que há pouco tempo eu vi (...), teria sido no mês de Maio/ Março/ ou Abril, deste ano, que vi no Fantástico (...), que o número de minas em Angola é tão grande que vão passar gerações e gerações sem se conseguir, mesmo que houvesse paz de um dia para o outro, que neste mesmo tempo seria dificílimo retirar todas as minas. Além disso, há ataques da UNITA volta e meia. Eu sabia que a ONU estava trabalhando muito bem até os anos de 1988/89, quando depois um comandante da UNITA, chamado “Galo Negro”, um General, dos principais adjuntos de Savimbi, decidiu reiniciar a guerra e fazer novas investidas contra as tropas regulares do MPLA. A ONU neste período estava fazendo o desarmamento e eles tinham um prazo e se recusaram a cumprir. Então esse General reiniciou a guerra nas províncias do Sul. Ainda nesta semana, na semana seguinte a este atentado que ocorreu em Nova Iorque (11/09/2001), ouvi que as tropas da UNITA mataram cerca de 200 soldados. Grupo: - Quanto a essa questão, há um certo desinteresse quanto as informações sobre Angola. É uma contradição longa. Consta que o Brasil foi o 1(país a reconhecer a independência de Angola, o que já foi surpreendente, já que vivíamos aqui uma Ditadura Militar. Naquele momento, que era considerado de distensão política, com o General Geisel a frente do Governo Brasileiro, o Brasil reconhece a um Governo que faz a independência sendo Marxista – Leninista.Cabral: - Admito que o Brasil tenha sido o 1( país da América a reconhecer a independência. Porém, nós da comunidade Afro-portuguesa, ou seja, nós oriundos das ex-colônias portuguesas, reconhecemos a independência de Angola no ato de sua proclamação. Assim que soubemos da independência a reconhecemos imediatamente. Lembro de Ter ouvido em nossa rádio mensagens de felicitações do nosso presidente, Luiz Cabral, reconhecendo a independência de Angola. (de Angola, Moçambique, Cabo Verde, São Tomé e Príncipe, sempre ocorreu o reconhecimento imediato, quando a independência ocorreu nos países nossos irmãos. Agora quanto ao Brasil, reconheço e fico contente, porque o Brasil se manteve nessa linha de reconhecer as independências da ex-colônias portuguesas. Porque no mesmo caso de Guiné-Bissau, também o Brasil foi dos primeiros países a reconhecer a nossa independência. Ao ponto de que no momento em que se deu o golpe de Estado em Portugal (25 de Abril), já havia cerca de 70 países que haviam reconhecido a Guiné-Bissau, por conseguinte antes das negociações com Portugal.

O Grupo: - Mas a ajuda que o Brasil dá é suficiente? E a questão da informação a que nos referimos?

Carlos Cabral: - A ajuda que o Brasil dá poderia ser mais ampla. Lamento que o Brasil sendo um país de língua portuguesa, pois é irmão das ex-colônias portuguesas da África, de Angola, tanto quanto eu saiba a maior parte da população negra brasileira provém de Angola, já que Angola é um país de cerca de quase 2 milhões de quilômetros quadrados e teve parte de sua população dando duro aqui. O Brasil pretende se candidatar para o Conselho de Segurança da ONU e seria importante que fizesse pressão para o desarmamento da UNITA.

O Grupo: - Quanto a construção deste consenso, no caso do povo angolano existem feridas profundas. Os angolanos que vivem por aqui, inclusive, segundo soubemos, evitam falar no assunto com medo de retaliação lá. É uma memória pesada para superação.

Carlos Cabral: - O Brasil tem a fama de ser um dos países mais hospitaleiros do mundo, então, já que vieram para cá ao longo dos séculos 19 e 20, oriundos da Itália, Alemanha, do centro da Europa. Inclusive os povos do Extremo Oriente, Coréia, China ... Ouvi dizer que quando houve a guerra da Chechênia e outros países da Europa Central, no ano passado, o governo brasileiro estava disposto a dar terras para as pessoas que viessem para cá. Sempre foram recebidos de braços abertos. (nisso, como o caso dos angolanos, ao fiel cabo, são responsáveis por boa parte da origem da população brasileira. Deveriam ter mais apoio do governo brasileiro. Seria preciso que o governo estivesse disposto a fazer um levantamento para saber a tendência de cada um. Saber se o indivíduo era agricultor em Angola, dar-lhe uma chance aqui. Devia haver uma atenção especial para com essa comunidade. Nenhum angolano está aqui por gosto, estão aqui como refugiados de guerra. Existem laços fraternos que nos ligam, laços de história, de língua. A comunidade angolana aqui é a mais sofrida entre as línguas lusófanas.

O Grupo: - Conversamos com um estudante da Faculdade que é angolano e que declarou que os angolanos que aqui residem, a maioria está na Vila do João (Linha Vermelha), não falam em política para evitar revanchismo lá em Angola. O cidadão angolano que está aqui é vítima de generalizações e preconceitos ideológicos. Um exemplo dado pelo estudante é a confusão, aqui existente, de que o angolano oriundo do Norte supostamente estaria ligado ao MPLA, e o do Sul supostamente estaria ligado a UNITA. O que o senhor tem a dizer sobre isso?

Carlos Cabral: - A princípio é um problema que eu desconhecia. A princípio qualquer estudante que tenha vindo para cá, de qualquer forma, em princípio, tem um visto temporário. Provavelmente seja medo de que a própria Polícia Federal o considere “persona non grata”. O indivíduo está aqui e nem tem o visto de permanência e está se metendo em política? Pode ser esse o pensamento. Deve haver um receio por parte dos angolanos, de serem expulsos do país. Pode ser um receio das autoridades brasileiras, do que propriamente medo de represálias em Angola. Veja bem, se um indivíduo está falando com um patrício, essa conversa não vai vazar. Mesmo que seja com um brasileiro, a conversa vai ficar entre os dois.

Grupo: - Há um sítio, “cafemongolo.cbj.net/”, de exilados angolanos, que acusa as duas frentes, o governo angolano e a UNITA, de não quererem a paz. Há E-mail que repudiam as duas formas de poder. O que o senhor pensa dessa falta de acordo pontuada pelo sítio? E os países, porque deixaram de lado a luta pela paz em Angola? Parecem mais preocupados com a América, não?
Cabral: - Penso que toda a comunidade lusófana deveria reunir se para analisar a situação de angola, que se pensava que com o fim da Guerra Fria seria resolvida. Tanto quanto eu saiba, a cerca de uma década, nunca mais se falou do FNLA (Frente Nacional para Libertação de Angola), parece que desarmaram-se e se integraram livremente a população angolana. Mas isso não aconteceu com a UNITA. O MPLA, dizia-se, tinha o apoio da União Soviética, que seria socialista, ao passo que a UNITA, tinha apoio americano, capitalista. Era de se esperar que com o final da Guerra Fria, então, isto teria um fim, com o provável fim da guerra em Angola. Quem ficou financiando a UNITA? Mesmo porque houve a independência da Namíbia, que era branca e apoiava a UNITA e de outra base de apoio que ruiu com o fim do Apartaid e a eleição de Mandela, na África do Sul. A UNITA, em princípio, não pode indefinidamente lutar sem apoio financeiro. Mas, especialmente, Angola é um país muito rico, tem muitas reservas naturais: solo, subsolo, riquezas minerais. Mas, essa riqueza não está da mesma forma, sendo explorada para o bem estar do seu povo. Há um esforço de guerra e muitas vidas tem sido ceifadas. Há ataques contra comboios (trens), navios e até contra aldeias que necessariamente nem tomaram posição entre os dois grupos que lutam pelo poder.que é a comunidade lusófana que tinha que se reunir, pressionar o Conselho de Segurança da ONU, para que tomassem medidas efetivas pela paz. Os atentadosdo dia 11 de Setembro na América, parecem ganhar mais peso. O povo angolano que sofre desde 1975, já sofria antes, e continua sofrendo. Foram 25 anos de guerra de um povo extremamente martirizado. Era isso que eu tinha a dizer.

Savimbi morreu, agora Angola viverá?

"A História, como diz Hobsbawm, é a melhor de todas as observadoras."

Bibliografia

COMITINI, Carlos. África Arde: lutas dos povos africanos pela liberdade. Codecri.
KI_ZERBO, Joseph. História da África Negra II. Europa América, 1991.
História das Civilizações, Nº 63. Ed. Abril.
África Hoje, (política, economia e cultura), Angola 25 Anos, Nº 147.