quarta-feira, 26 de novembro de 2008

"o concreto pensado*"


Mais do que falar eu gosto de pensar
mais do que pensar eu gosto de trabalhar com o pensamento
mais do que trabahar como pensamento eu gosto de senti-lo concretamente:
"o concreto pensado", tomo por empréstimo esta expressão de Marx, para
o meu objeto de estudo ganhar forma e sentido paupável:
para buscar sentidos fora da racionalidade dura, fria, reproduzida,
instantânea e que permanece,
nas coisas e pessoas que não são coisas...
Mas do que sentir eu gosto de buscar o sentido,
de poder interpretar as coisas através de uma forma de pensar,
compartilhado numa teia o susto e o abuso remoto e presente,
entre homens e mulheres inquietos,
que se tocam através do tempo e do espaço:
decompondo todas as relações de origem, de aceitação, de rebeldia,
de cultura,
de classe,
todas as rupturas e continuidades nesse terreno...
as vezes árido, outras movediço,
nele juntos tentamos produzir frutos.
A minha matéria para pensar, sentir, trabalhar e viver socialmente
MESMO
é a história.
Com ela durmo e acordo todos os dias,
de manhã tomamos café
e saímos para
observar as
tais coisas
de que falei...
e agir.
É exatamente assim,
caso queira uma lógica
para saber do que sou feito.


Eduardo Affonso.