sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

(3) Produção Intelectual século XVIII


(3)
Produção Intelectual
século XVIII

John LOCKE (1623-1704)
>filósofo, político, inglês.
>"pai do liberalismo"
>Influenciou profundamente o constitucionalismo inglês e americano.

DO ESTADO DE NATUREZA À CONSTITUIÇÃO DO GOVERNO CIVIL

Locke

A idéia de existência de uma
LEI NATURAL que explicaria fenômenos, tais como o movimento planetário, a gravidade e etc.,
foi desenvolvida em fins do século XVII e início do XVIII, pelo matemático, astrônomo, cientista e filósofo ISAAC NEWTON(1642-1727). Newton, sua teoria, influenciou o mundo do pensamento contribuindo para que outros pensadores buscassem as leis naturais que regem as religiões, a economia, a política e que, em última instância, explicariam, através de livre exercício da RAZÃO, o comportamento humano.

" A fim de compreender corretamente o poder político, devemos considerar as condições em que estão todos os homens, ou seja, um estado de liberdade perfeita, para fazer o que quiseram e dispor de seus bens e pessoas como considerarem adequado, dentro dos limites da lei da natureza, sem pedir autorização ou depender da vontade de qualquer outro homem.

Também um estado de igualdade, em que ninguém tem mais poder ou autoridade que outro, nada havendo mais evidente que criaturas da mesma espécie e categoria, nascidas para as mesmas vantagens da natureza, e o emprego das mesmas faculdades, deveriam também ser iguais umas `as outras, sem subordinação ou sujeição...

O estado de natureza tem uma lei da natureza para governá-lo, e a razão, que é esta lei, ensina toda a humanidade que não pode deixar de consultá-la, que todos são iguais e independentes, e nenhum deveria ferir outro em sua vida, saúde, liberdade ou bens, pois os homens são todos a obra de um Criador, onipotente e infinitamente sábio; todos os servos de um Senhor soberano, foram enviados ao mundo por Sua ordem e a Seu serviço; pertencem a Ele, por quem foram criados, e feitos para durar de acordo com Sua vontade, e não do prazer uns dos outros . Naturalmente, todos os homens nesse estado nele permanecem até que por seu consentimento, tornam-se membros de alguma sociedade política...

Se o homem em estado de natureza está tão livre quanto se disse, se é senhor absoluto de sua pessoa e bens, igual aos maiores, sem estar sujeito a quem quer que seja, por que abandonará sua liberdade?

Porque desistirá de seu império e se sujeitará ao domínio e ao controle de algum outro poder? Ao que é evidente responder que, embora em estado de natureza tenham, o seu gozo é muito incerto, e está constantemente exposto à intromissão de outros; para que outros sejam reis como ele, todo homem seja igual e a maior parte deles , como não faz uma rigorosa observância da equidade e da justiça, a fruição da prosperidade que tem neste estado é muito arriscada e muito insegura, e não é sem razão que procura e está disposto a formar com outros uma sociedade que já está unida, ou tem idéia de unir para preservação mútua de suas vidas, liberdades e bens, a que chamo pelo nome geral de -propriedade.
Portanto, a grande principal finalidade dos homens que se unem em comunidade é a preservação de sua propriedade".





(4) Produção Intelectual século XVIII


(4)
Produção Intelectual
século XVIII
Jean Jacques Rosseau(1712-1778)

>os homens são fundamentalmente bons;
>Inicialmente apoia- se nas idéias de LOCKE, depois muda: apoia o "estado de natureza", os indivíduos, os homens, possuem determinados direitos. Mas Rousseau propõe a união dos homens em torno de um contrato social: na constituição de um governo os homens se submetem à comunidade, dessa maneira à vontade geral.
>o "pai da democracia", Rousseau, ao submeter os homens a vontade geral, gera implicações de riscos à própria soberania individual.

O CONTRATO SOCIAL

Para efeito de discussão, suponho que, em certo momento, a humanidade tenha atingido um ponto em que as desvantagens de continuar num estado de natureza ultrapassaram as vantagens. Nestas condições, o estado original da natureza não poderia mais continuar. A espécie humana teria perecido, se não tivesse mudado as suas soluções.

Os homens, como seres humanos, não podem desenvolver novos poderes. Mas podem unir e controlar os poderes que já têm. Os homens em estado de natureza podem se reunir, reunindo suas forças, de maneira a lhes permitir enfrentar qualquer desafio. Tiveram de aprender a trabalhar juntos sob uma nova direção central.

Uma concentração real de poderes humanos só poderia ocasionar o resultado de um acordo entre indivíduos. Mas cada homem, individualmente, apoia-se em sua força e sua liberdade de ação para se proteger e se preservar. Como ele pode limitar sua força e sua liberdade de ação sem se prejudicar e deixar de cuidar de seus interesses?

É preciso encontrar alguma forma de associação para reorganizar toda a comunidade poara proteção dfa pessoa e da propriedade cada um de seus cidadãos, de tal maneira que cada homem, como é membro voluntário da associação, presta obdiência à sua vontade, e continua, portanto, tão livre quanto era antes. É este o problema básico do contrato social.


As condições do contrato social são determinadas pela natureza do ato(de associação), de tal maneira que a menor modificação a invalidará. Mesmo que as cláusulas de associação nunca tenham sido aceitas formalmente em reunião aberta, são as mesmas em toda a parte e são universalmente reconhecidas. Se o contrato social fosse rompido de alguma forma, por alguém, então cada indivíduo poderia imediatamente readquirir todos os direitos que eram seus, em estado de natureza. Reconquistaria sua liberdade natural ao perdera liberdade do contrato social, pela qual privou-se originalmente de sua liberdade de ação.

É possível estabelecer com simplicidade o fundamento do contrato social : cada indivíduo submete todos os seus direitos à comunidade. Como cada homem submete seus direitos em reservas, são todos iguais. E como são todos iguais, é do interesse de todos tornar a vida agradável para seus companheiros.

Como todos os direitos foram submetidos à comunidade sem reservas, ninguém tem qualquer reivindicação contra o grupo. Ser foram deixados alguns direitos aos indivíduos e ninguém recebeu autoridade para resolver entre os direitos individuais e o bem público, então cada homem tentará ampliar o alcance daqueles direitos que reservou para si. Esta situação significaria que um estado de natureza ainda existe. Todos os direitos devem ser entregues; nenhum pode ser conservado...


É possível estabelecer com simplicidade o núcleo da idéia do contrato social; cada um de nós coloca sua pessoa e autoridade sob a direção suprema da vontade geral; e o grupo recebe cada indivíduo, como uma parte indivisível do todo...

A fim de que o contrato social não seja apenas uma fórmula vazia, todos precisam compreender que todo indivíduo que se recusa a obedecer à vontade geral deve ser forçado por seus companheiros a fazê-lo. É uma maneira de dizer que pode ser necessário forçar um homem a ser livre; sendo neste caso a liberdade, a obediência à vontade de todos.
ROUSSEAU, Jean Jacques. O Contrato Social. In FENTON, po.cit., p.92



(2) Produção Intelectual século XVIII


(2)
Produção Intelectual
século XVIII


A RELIGIÃO DOS ILUMINISTAS: O DEISMO


VOLTAIRE-1694-1778(François- Marie Arouet)
Escritor e filósofo
Importante divulgador da filosofia racionalista e das idéias mais avançadas do seu tempo a respeito de política, liberdade intelectual, religião e etc.



{critica aos sistemas religiosos tradicionais}

{busca da relação entre Razão-Natureza-Deus]

{admite a existência de Deus em função da ordem natural prevalecendo no Universo]

{a fé e as revelações não imprimem movimento para a chegada de uma religião natural racional}

{o Deísmo rejeita a idéia de "revelação divina", rejeita qualquer autoridade da Igreja, rejeita a necessidade de sacerdotes, de intermediários entre homens e Deus}
{Deus é destituído de atributos morais: máquina perfeitamente ordenada e movida por "leis naturais"}


O deísta é um homem firmemente persuadido da existência de um Ser supremo tão bom como poderoso, que formou todos os seres extensos, vegetantes, sensíveis e reflexivos;(...)
Reunido nesse princípio com o resto do universo, não abraça nenhuma das seitas, que todas elas se contradizem.
A sua religião é a mais antiga e a mais extensa ; pois a simples adoração de um Deus precedeu todos os sistemas do mundo... Crê que a religião não consiste nem nas opiniões de uma metafísica ininteligível, nem em vãos aparatos ou solenidades,(...)
O maometano grita-lhe: ''Tem cuidado se não fazes a peregrinação a Meca!" ''Desgraçado de ti, diz-lhe um franciscano, se não fazes uma viagem a nossa senhora do Loreto!"

Ele ri-se de Loreto e da Meca; mas socorre o indigente e defende o oprimido.

VOLTAIRE- François- Marie Arouet. Dicionário Filosófico. In: FREITAS, po.cit.,p.11.






















































































































































































Produção Intelectual do século XVIII (1)

(1)
Produção Intelectual
século XVIII

Itens delimitados:

>Os fundamentos e as concepções iluministas no campo filosófico religioso;

>As idéias de Locke e de Rousseau acerca do "estado de natureza", "do contrato social" e do "governo civil";

>Até que ponto o pensamento iluminista foi, de fato, direta ou indiretamente, responsável pela criação de clima revolucionário ;

>E por fim uma tentativa de captar alguns aspectos da mentalidade(cultura) pré-revolucionária, na França, através de elementos contrários ao próprio iluminismo, e, que se fundamentam no ocultismo, no apogeu ao maravilhoso e irracional. Tal é o caso do Mesmerismo, que veremos ao final.


Iluminismo(filosofia das luzes)
Base iluminista: crença absoluta na razão humana e no progresso do homem
local: Europa(em particular na FRANÇA)
Século XVIII(razão e natureza)
ILuministas: uma vez livres das explicações metafísicas, místicas e sobrenaturais(lugar- comum nas reflexões acerca da religião, da filosofia, da política e etc); o universo é perfeitamente racional e deve ser entendido como obra de um Deus racional .
Concepção filosófica: Otimista e ambiciosa, que se opõe a idéia de que a fé tem alguma relação com o saber, com o conhecimento ou com a própria razão humana.

Texto síntese dos fundamentos gerais do iluminismo

DEUS, O UNIVERSO E OS HOMENS NO SISTEMA MACÃNICO DAS LUZES


-
DAVID HUME(1711-1776)
inglês

"Lançai um olhar em redor do mundo; comtemplai o todo e cada uma de suas partes. Vereis que não é senão uma grande máquina, subdividida num infinito número de máquinas mais pequenas, que por sua vez admitem subdivisões num grau que vai para além do que os sentidos e faculdades humanas podem captar e explicar. Todas essas máquinas e até as suas partes mais pequenas se ajustam entre si com uma precisão que arrebata a admiração de todos quantos a contemplarem. A singular adaptação dos meios aos fins na Natureza inteira assemelha-se exatamente, ainda que em muito excede, aos produtos do engenho humano., aos desígnios do homem, de seus pensamentos, sua sabedoria e sua inteligência. Se, portanto, os efeitos se assemelham entre si, estamos obrigados a interferir...que também as causas são semelhantes, e que o Autor da Natureza se parece em algo com a mente humana, ainda que as suas faculdades sejam muito mais consideráveis, em proporção com a grandeza obra que executou.
HUME, David. Diálogos sobre a Religião Natural. In: FREITAS, op.cit.,pp.9-10.)