quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

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'As Luzes", por um historiador francês


As Luzes, por
um historiador francês

O movimento de renovação intelectual do século XVIII, conhecido como iluminismo ou Filosofia das luzes e, que encontra a sua fundamentação na Revolução científica do século XVII, apoiada nos trabalhos de Galileu Galilei, Newton e Descartes, é normalmente conhecido por ter criado um "clima revolucionário', que conduziria por exemplo, À Revolução Francesa de 1798.

Pesquisas e revisões, entretanto, não simplificam as conclusões neste sentido.
O historiador francês JAcques Solé lança outras luzes sobre o tema.

Afinal..

O PENSAMENTO DAS LUZES IMPREGNAVA
AS MENTES FRANCESAS
àS VÉSPERAS DA REVOLUÇÃO ?
Solé

(...)pode-se perguntar(...)se a filosofia das luzes, assimilada a um modo de pensamento dominante no seio das elites, penetrava no conjunto das mentes nacionais as vésperas de 1789. Podemos ainda interrogar-nos sobre a natureza revolucionária desse pensamento das Luzes. Foi ela a fonte do estremecimento psicológico que caracterizou o antigo regime(Ancién Régime) e precipitou a sua queda?

Pode-se duvidar disso e achar, (...)que a influência social desse pensamento do século XVIII permaneceu muito limitada. Mesmo no seio da minoria capaz de se abeberar dele, os temas profissionais, religiosos e históricos continuaram a dominar as preocupações culturais. Os livros pios eram mais consumidos, na província ou em Paris, que os dos filósofos.

Quanto ao gostos intelectuais do povo, continuavam ligados ao sobrenatural, ao maravilhoso e ao fantástico.

A nobreza esclarecida era o único grupo capaz de compreender e patrocinar a filosofia das luzes. Não lhes faltou com seu apoio, foi a ela que os grandes escritores do século XVIII deveram o essencial do seu sucesso.

A ENCICLOPÉDIA foi, em sua oriegem, uma operação aristocrática. E os nobres parlamentares das províncias encorajam nela, em primeiro lugar, as novas curiosidades da razão.

Essas curiosidades permaneceram estranhas , até as v[esperas da Revolução, à massa da população, burguesa ou popular.

A maioria dos temas das Luzes pouco tinha a ver com os tema concretos.

As pessoas simples permaneceram no todo mais sensíveis a religião católica.
É certo apenas que os revolucionários e 1789-estreita minoria dirigente-foram os herdeiros, utilitaristas e dessacralizadores, da filosofia do séc. XVIII.

Essa filosofia triunfou, portanto, graças a elite esclarecida, no seio da nova ordem, fundando um regime liberal e representativo. Mas essa vontade do país legal não corespondia muitos as preocupações do país real.

Aparentemente parado, essas opiniões parecem confirmadas por inúmeros estudos recentes, que mostram o frágil enraizamento das Luzes, até a primavera de 1789, numa burguesia profundamente conservadora.

Elas limitam sua influÊncia social à parte esclarecida nobreza(...). Ao lado dos salões, das academias e do conjunto do establishment intelectual., conquistados pelos novos filósofos., a maioria da opinião pública continuava-lhes estranha, senão oposta. Obcecados pela fachada "parisiense" da vida francesa, os historiadores por demasiado tempo reconduziram uma cultura nacional que continuava a ser, na província, muito tradicionalista.(...)

Como parece fraco no plano social, em relação a esse peso do passado, o de uma filosofia do século XVIII cuja influência se limitou a alguns milhares de leitores! Essa elite minoritária dirigiu logicamente sua luta intelectual contra superstições populares que desprezava, sem alcançá-las. Foram elas, que no folclore rural, e à sombra complacente da religião, constituíram sempre o essencial da cultura nacional.

O racionalismo ataca, antes de mais nada, em suma, as opiniões da maioria dos franceses. E é forçada a constatar, como na Enciclopédia, sua incapacidade de mudá-las em profundidade.(...)

A seu lado, (o autor se refere à intensa religiosidade popular)parece bem insignificante, no plano numérico, a influência do pensamento das luzes.
Tanto mais quanto lhe faltam ao mesmo tempo, como se verá, unidade, audácia real e um verdadeiro público às vésperas de 1789, quando o irracionalismo dos ocultistas impressiona mais os espíritos que o racionalismo dos filósofos(...)

D' Alembert,que foi em parte o corifeu desses profissionais, teve razão ao aprovar com pesar seu bom amigo Frederico II, quando em 1776, achava que 'a França com todos os filósofos, dos quais se gaba, a torto e a direito, ainda é um dos povos mais supersticiosos e menos adiantados da EUROPA" .

SOLÉ, Jacques . A Revolução Francesa em Qusetões. Rio de janeiro, Zahar, 1989.pp.18-22.

Bibliografia da Disciplina


APOSTILA E/OU LIVRO TEXTO BÁSICO
HOBSBAWM, E. J. A Era das Revoluções (1789-1848). Rio de Janeiro: Paz e Terra (13ª ed.), 2001.

LEITURA COMPLEMENTAR (LIVROS, SITES NA WEB, FILMES E ETC SUGERIDOS PARA A DISCIPLINA)


DARNTON, Robert. Os dentes falsos de George Washington: um guia não convencional para o século XVIII. São Paulo: Cia. das
Letras, 2005.
DARNTON, Robert. O Iluminismo como negócio: história da publicação da Enciclopédia – 1755-1800. São Paulo: Cia. das Letras,
1996.
FALCON, Francisco José Calazans. Iluminismo. São Paulo: Ática, 1989.
FURET, François. A Revolução em Debate. São Paulo: Edusc, 2001.
HOBSBAWM, E. J. Da Revolução Industrial Inglesa ao Imperialismo. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 1986.
HUNT, E. K. e SHERMAN, Howard. História do pensamento econômico. Petrópolis: Vozes, 2001.
NAPOLEONI. Cláudio. Smith, Ricardo e Marx. Rio de Janeiro: Graal, 1988.
MOTA, Carlos Guilherme. A Revolução Francesa (1789-1799). São Paulo: Ática, 1989.
SCHIERA, Pierangelo. “Sociedade ‘de estados’, ‘de ordens’ ou ‘corporativa’.” In: Antonio Manuel Hespanha (org). Poder
e
instituições no Antigo Regime. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, s/d, p. 143-153.
SOBOUL, Albert. A Revolução Francesa. Rio de Janeiro: Bertrand (7ª ed.), 1989.
THOMPSON, Edward P. Costumes em Comum. São Paulo: Cia. das Letras, 1998, p. 267-304.
VAINFAS, Ronaldo. Dicionário do Brasil Colonial (1500-1808). Rio de Janeiro: Objetiva, 2000.
VENTURI, Franco. Utopia e Reforma no Iluminismo. São Paulo: Edusc, 2003.
VOLVELLE, Michel. A Revolução Francesa contra a Igreja: da razão ao Ser Supremo. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1989.


Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro: www.bn.br