terça-feira, 25 de novembro de 2008

JUSTO RECONHECIMENTO, PORÉM...




Uma certa falta de consciência do poder

no dia da Consciência negra


A estátua inaugurada dia 20 de novembro último, do lendário João Cândido, o almirante negro, cantado na canção de Aldir Blanc e João Bosco pela voz maravilhosa de Elis, está no lugar errado. Lula e Edson Santos deveriam ter posto a estátua em frente ao MUSEU DA MARINHA, que também fica na Praça XV. A importância dos simbolos não foi levada a sério. Cândido deveria ser exaltado como um herói vivo e não colocado num canto. A estátua está extamente perto da marternidade e lado da saída da barca para Paquetá, onde ninguém a vê. Não foi á toa que quando perguntei sábado(22/11) de manhã para o guarda municipal, ele não sabia onde ela ficava. Nem a Marinha quer saber. Nem precisava ser lembrada pelo jeito.

EA


22/11: 1910 - A Revolta da Chibata


Jornal do Brasil: Marinheiros exigem fim dos maus-tratos

O estopim da Revolta da Chibata foi o castigo de 250 açoites sofrido por um marinheiro. A punição como de costume ocorreu na presença dos outros marujos. O marinheiro desmaiou enquanto apanhava, mas seu algoz continuou a bater-lhe. O fato aconteceu no encouraçado Minas Gerais, que navegava em direção ao Rio de Janeiro. Os revoltosos mataram o comandante do navio de guerra e mais cinco oficiais, que resistiram. Já na Baía de Guanabara, outros marujos assumiram o controle dos navios São Paulo, Bahia e Deodoro. Dois mil marinheiros aderiram à revolta, que exigia o fim dos castigos físicos, melhorias na alimentação e anistia para os amotinados.

Para espanto dos oficiais, os marinheiros mostraram que sabiam manobrar as modernas embarcações com perícia e habilidade.

Na manhã do dia 23 de novembro, sob a liderança do marinheiro de primeira classe João Cândido Felisberto e com redação de Francisco Dias Martins, foi enviado um ultimato ao governo:
" (...) Queremos a resposta já e já. Caso não a tenhamos, bombardearemos as cidades e os navios que não se revoltarem."

A Marinha esboçou um ataque com dois navios menores, que foram rechaçados pelos revoltosos. Os marujos deram tiros de advertência contra o Palácio do Catete, sede do Poder Executivo, e contra a Ilha das Cobras. Encurralado, o presidente Hermes da Fonseca resolveu aceitar as exigências dos rebeldes. Os marinheiros confiaram na palavra do presidente, mas foram traídos por ele. Depois de entregarem as armas e abandonarem os navios, foram expulsos da Marinha. No dia 4 de dezembro, houve novo motim, dessa vez na Ilha das Cobras. A revolta foi reprimida com rigor.

O Almirante Negro na Inglaterra

A idéia de fazer um movimento que acabasse com os maus-tratos na Marinha brasileira surgiu dois anos antes de eclodir a Revolta da Chibata, quando o marinheiro João Cândido viajou para a Inglaterra para acompanhar a construção do encouraçado Minas Gerais. Lá, João Cândido e outros marujos, participaram de reuniões sindicais dos marinheiros ingleses e tomaram conhecimento do motim dos marinheiros do encouraçado russo Potemkin, ocorrido em 1905, motivado pela má alimentação a bordo.

como represália por ter liderado o levante dos marinheiros, João Cândido foi expulso da Marinha, e morreu pobre, em 1969, como carregador de peixes do Porto do Rio de Janeiro.