domingo, 12 de fevereiro de 2012

UTOPIA, Morus.


As aventuras do Novo Mundo fazem ferver as tabernas deste porto flamengo.

Uma noite de verão, frente ao cais, Thomas Morus conhece ou inventa Rafael Hithloday, marinheiro da naves de Américo Vespúcio, que diz que descobriu a ilha de Utopia em alguma costa da América.

Conta o navegante que em Utopia não existe o dinheiro nem a propriedade privada. Ali se fomenta o desprezo pelo ouro e pelo consumo supérfluo e ninguém de veste com ostentação.

Cada um entrega aos armazéns públicos o fruto do seu trabalho e livremente apanha o que necessita.

Se planeja a economia.

Não existe egoísmo, que é filho do temor, nem se conhece a fome.

O povo elege o príncipe e pélo povo ele pode ser deposto; também lege os sacerdotes.

Os habitantes de Utopia abominam as guerras e suas honras, embora defendam ferozmente suas fronteiras.

Professam uma religião que não ofende a razão e que refeita as mortificações inúteis e as conversões forçadas.


As leis permitem o divórcio mas castigam severamente as traições conjugais, e obrigam a trabalhar seis horas por dia.

Divide-se o trabalho e o descanso;divide-se a mesa,

A comunidade se encarregadas crianças enquanto seus pais estão ocupados.

Os doentes recebem tratamento privilegiado; a eutanasia evita as longas agonias doloridas.

Os jardins e as hortas ocupam o maior espaço e em todas as partes soa música.

p.88- 0S NASCIMENTOS, MEMÓRIA DO FOGO-VOLUME 1- EDUARDO GALEANO