sexta-feira, 29 de agosto de 2008

A N T Í D O T O








E ARREDORES...



O que passou é passado

O que está passando é presente
Já o passarinho, é um poema
filosófico
moto contínuo do Quintana
contra mediocridade e hipocrisia
que abala Europa, África, Bahia.
EA


quinta-feira, 28 de agosto de 2008

NÃO DEIXE O PAISSANDU FECHAR 2


Repassando
Queridas e Queridos,

O cinema PAISSANDU vai fechar. Uma lástima. E não é por falta de empenho do Grupo Estação.
Recebi o e-mail abaixo, pedindo uma "corrente" contra o fechamento, bem como colhendo assinaturas para sensibilizar patrocinadores (públicos e/ou privados) a manter aberto o cinema de tão longa tradição para a cidade do Rio de Janeiro, e em particular para nós cinéfilos e afins.
Para aqueles que concordarem, por favor, assinem o abaixo assinado (é fácil e seguro, basta clicar no link www.PetitionOnline.com/15121960/petition.html e preencher os dados requeridos) e passem esta mensagem adiante.
É RAPIDINHO. O cinema está com os dias contados e quem sabe possamos reverter isto.
Abs

MAM

P.s.: ver ainda a matéria de O GLOBO sobre o fechamento do PAISSANDU www.gda.com/consulta_noticias.php?idArticulo=619841.

www.PetitionOnline.com/15121960/petition.html

NÃO DEIXE TAMBÉM O PAISSANDU FECHAR

Contra o fechamento do Estação Paissandu

We endorse the Contra o fechamento do Estação Paissandu Petition to Àqueles que podem fazer algo a favor da cultura deste país.

Read the Contra o fechamento do Estação Paissandu Petition

Name Cidade Profissão
1421. EDUARDO PIMENTEL AFFONSO RIO DE JANEIROPROFESSOR

quarta-feira, 27 de agosto de 2008

O b s e r v a t ó r i o E s t e l a r de um dos milhões de quartos da Tabacaria


Observo o silêncio
que na dele
há muito tempo

olha o próprio umbigo.
EA

2 LUAS: Só em 2287, se perder...


DICA DO MEU AMIGO MIGUEL ...
Amanhã, por volta das 00:30 h,
(CONFIRMEM A INFORMAÇÃO) vai ser possível ver Marte.
Vai parecer que a Terra tem 2 luas,de novo só em 2287.
Ou seja, se perder, já era!

terça-feira, 26 de agosto de 2008

O homem elástico



o homem elástico

já não bebe o sereno das calçadas

descarta o féu madrugada

flutua acima da brasa casta

equilibra asa casa

bota filho no mundo

o homem elástico propulsiona piruetas gráficas

frutifica a travessia imbricada

gira dribla escapa

afasta os malditos

raspa o fundo da ferida lava

escama escarra encara

a si mesmo repassa

texto teto espada

dente por dente

palavra por palavra

o homem elástico

vaza

refaz o mapa a passada a trajetória

nada está para sempre perdido

o homem elástico

não entrega a retaguarda

o homem elástico é meio

fio da liga mensagem

água que não se agarra

o homem elástico

não se abisma em paixões inventadas

o homem elástico

tira leite de pedra ferve

a verve derrete serve sincopado

em decurso do prazo enquanto espera

solta do estômago o uivo sagrado do pão da memória

é festivais passados National Kid perucas Lady, tá!

o homem elástico

é frouxo

é de nada

ego corroído sem rapaziada

ilusão conjugada

quarto sala onde tudo cabe

em sociedade desalmada

catapulta a frente a relati-vida

o homem elástico alonga way

o resto que fique

por ai parado

o homem elástico

avança
o passo

compra sua própria cabeça premiada

faz um silêncio fundo

orgânico enviezado



.
.
.
.
.
.
.EA.
.
..


Pinçamento curricular de um tempo de debates


'Pensar um país é ir de encontro às suas contradições , sem medo de desnudar a história de suas mazelas . É adquirir grandeza sem entupir as artérias do coração com descaminhos palacianos. É trazer as matrizes raciais para a formulação do cotidiano nacional. É, contudo, buscar o entendimento social sem excluir a contribuição do cinema com força da revelação da pesquisa. É ter orgulho de ver-se refletido em um povo lutador e solidário. É papel de todos que anseiam construir um país generoso e justo. descobrir um caminho que leve a memória e a história de seus homens para além dos livros. É instituir a vida como condição transformadora do tempo de plantar e colher a trajetória da verdade'. Eduardo Affonso.


P.S. BRASIL REDESCOBRE O BRASIL-TEXTO DE APRESENTAÇÃO BRASIL 500: O CINEMA REDESCOBRE O BRASIL, EVENTO REALIZADO EM 2000.


FILMES EXIBIDOS E DEBATIDOS\;


questão indígena\; Yndio do Brasil; agrária\;viramundo;política;cabra marcado para morrer;


urbana;o velho,negro; o fio da memória.

segunda-feira, 25 de agosto de 2008

Opine 4

Seu Eduardo Affonso, que saudade!
E aí tudo bem? Estou vendo que está a todo vapor. Que beleza!
Gostei da crônica. Vou te dizer um negócio poucas pessoas têm alergia a esse tipo de gato.
Um beijão. Ana Santos
Vou repassar para alguns amigos.

Opine 3

Germana Lucia de Araujo enviou...
Salve, Eduardo Affonso!!! Gostei do seu Blog,prazer em entrar em contato com você. um abraço. Germana

domingo, 24 de agosto de 2008

Adoos

sexta-feira, 22 de agosto de 2008

Evoé Música nas Escolas!!!

Certa vez, fui levar uma aluno da escola que eu trabalhava ao Aeroporto (hoje Tom Jobim) para embarcar para África do Sul. O menino havia se classificado para uma competição internacional, entre tantos garotos que tentam chegar lá, onde merecem. Quando já estava saindo encontrei o Hermeto Pascoal, com quem já havia conversado uma vez. Ainda comovido com a Ida do Jaime, para competição, fiz uma rápida entrevista com o mais completo músico vivo que o universo já produziu. Perguntei para ele se podia dar um depoimento sobre a importância do aprendizado da música na escola. Ele, também animado, e com toda aquela simplicidade, respondeu: -"o Eduardo, a música é uma construtora de coisas boas... é preciso incentivar o aprendizado dos instrumentos, a brincadeira com eles aprendendo... e depois, ninguém vai estar nas ruas fazendo o que não deve"...
Agora, com a aprovação da obrigatoriedade do ensino da música nas escolas, que as prefeituras ainda tem 3 longos anos para implementar, quem sabe a gente possa ver as palavras do grande HERMETO transformadas numa das formas de vencer a violência e o descaso social. A música não é a grande salvadora do mundo, mas torna tudo melhor. Seja em Saraievo passado, no Rio atual, a LINGUAGEM MUSICAL está acima de toda Babel e fala ao coração das feras dentro e fora do compasso.

C r o n i q u e t a


"Alergia ao Gato"

Ontem, numa inesperada conversa captada dentro da kombi, que todos os dias me aperto para chegar ao trabalho, foi revelada uma moral muitas vezes despercebida. A corversa surgiu em meio a situação do tempo. A temperatura quente parecia favorecer "o desembuchar coletivo". Sem os tradicionais paralelismos, esviazamentos retóricos desnecessários, o condutor foi desembuchando... Depois da fala da passageira do meu lado, que resmungou do calor que fazia, ele disse: "- lá em casa, coloquei ar-condicionado, mas não posso usar porque o meu filho é alérgico'. A moça lhe respondeu, que no verão ela cortava carne, queijo, passeio e a compra de roupas "para não passar sem ar-condicionado". Ele, então, decepcionado ao extremo concluiu: "-Não é problema o dinheiro não... Tenho um gato... Prosseguiu, ainda, conduzindo a fala: "- não posso é usufruir do ar fresquinho." - Lamuriou.

quarta-feira, 20 de agosto de 2008

O Rubinho que vence!


Muito mais que uma escolha, que a gente faz por obrigação cidadã,
esse é o meu Vereador e da minha família:

Um camarada, professor, que tem demonstrado preparo para a função. Em dois mandatos, move a sua energia para acertar as coisas que estão fora do lugar, legislando em torno de questões que realmente interessam para todos,
em especial para a população massacrada da Zona Oeste carioca.
Um lugar de grande dimensões geográficas e de profundas contradições socias. Um lugar ideal para todo tipo de aventureiros.
Em nome de uma cidade tão arrasada por sucessivos erros e desmandos históricos,
ele tem feito a parte dele.

Além de ser comprovadamente uma pessoa que não enriqueceu com a política e nem faz dela um exercício de canalhice!
Independente de ser um amigo, não se acastelou no poder ou se isentou das críticas que generalizam negativamente a sua função. Ele se orgulha se ser político, não pensa que sabe tudo e está sempre estudando para aprender a enfrentar os problemas e encontrar as soluções. Atualmente está na Fundação Getúlio Vargas,
realizando o curso de Administração Pública,
O QUE PODE AJUDAR MUITO DECIDIR POR UM PERFIL,
um lado para escolher,
um caminho para começar a debater,
que tipo de cidade todos precisamos para viver bem.

Eduardo Affonso.

Sua Cabeça É O Seu mestre

é hoje, Alê sOUTo na LAPA




--

terça-feira, 19 de agosto de 2008

opine 2

Olá Eduardo!!!!
Seu blog está lindo!!!! Adorei!!! Parabéns!
Adorei também o fato de descobrir que você conhece um primo meu... o Michel, da banda Amores Vãos, que você entrevistou. Eu praticamente não tenho contato com ele, e, de repente, visitando seu blog, tomei conhecimento do trabalho que ele tem realizado. Amei!
Visitarei sempre!!!
Grande abraço,
com carinho,

Márcia Luquine

opine

Grande Eduardo Afonso!!

Vi teu blog. Achei super-criativo,instigante,poético e "pro-ético" ( como falas ), aliás como sua personalidade; perfil de um "rebelde de várias causas"!. Causas e lutas defendidas por gente como a gente que acredita na necessidade da utopia, da transgressão artística e cultural contra a sensatez globalizada como receita de auto-ajuda. Isto é apenas um item da nossa missão: ensinar a pensar e achar sempre que.... "a alma não é pequena"!. Aqui, na minha,( e que ninguém nos ouça! ) como jornalista e produtor , há que se rejeitar a tese do " formador de opinião"! (É preciso cuidado com tudo o que dizem por aí....) Parabéns pela iniciativa de em seu blog, "liquidificar" corações e mentes,espalhar poesia,prosa, verso e reverso. Receba meu total apoio pela contribuição por um mundo melhor, diferentemente igual, onde todos tenham a chance de se expressar e pisar no tapete vermelho.

Jota Carlos


21 anos de "BREJO CULTURAL"



" A M a i o r i d a d e
do artigo
P e r g u n t e a o B r e j o"

(Caderno B, JORNAL DO BRASIL, 27/01/1987)

Numa daquelas tardes da ilha de calor que é Realengo, escrevi um artigo(levado de bandeja pelo Roni Lima para o Editor do B, Joaquim Ferreira dos Santos), que pertendeu discutir a política cultural da cidade. O artigo foi elogiado por gente boa do meio, Tuty Vasquez, Jamari França, Jota Carlos... O tempo passou... Mas não imaginava que As Lonas Culturais(hoje uma dezena) fossem se transformar num bom negócio para "os donos desses espaços," atrelados ao poder e a vontade da mais desastrosa política cultural -que essa cidade já viu! Agora, imaginem só... 5 0 0 M I L H Õ E S gastos com a "C i d a d e da M ú s i c a", quantas orquestras jovens poderiam ser finaciadas dentro das comunidades pobres? Quantos instrumentistas poderiam aparecer e obter finaciamento público e em parceria com empresas? Como acontece em São Paulo, ou na Venezuela, bem aqui do lado. Enfim... Quantos locais poderiam ser libertados da quase indigência cultural? Quantos meninos e meninas, vítimas preferencias da violência, poderiam ser salvos de um massacre diário?
E.A
p.s; ?


" P E R G U N T E A O B R E J O "

Sou suburbano há 25 anos, ou seja, desde que nasci. Conheço todos os recantos sem sem exceção. Mas estou entediado de ficar sentado nos bancos das nossas poucas praças desarborizadas, assistindo à banda passar a caminho da Zona Sul. Apesar de tudo, produzimos cultura(pichamos paredes, fazemos roques e pagodes), mas não temos nenhum espaço cultural para mostrar a nossa cara, que muitos ainda imaginam suja de farofa.
Situe-se: a 1 mil 24 metros de altitude, está o Pico da Pedra Branca -na Zona Oeste da cidade - Bangu e Realengo, o subúrbio e suas pessoas fervilham sob um calor de 40 graus no verão. Sempre com a máxima na temperatura, garantimos o espaço diário na imprensa: Tempo bom, visibilidade boa, e ocasionalmente moderada. 'Máxima em Bangu..."
Aqui, jovens de 14 a 24 anos se acotovelam nos índices do IBGE. No censo de 80, eles já somavam uma das maiores concentrações nessa faixa de idade na América Latina. Hoje, esse número já ultrapassa os 120 mil- e tende crescer, pois as pílulas anticoncepcionais continuam sendo objetos não identificados.
No entanto, quem são essas pessoas que se amontoam no precário transporte suburbano- analisadas pela teleobjetiva do IBGE? Sem querer molhar o leitor numa chuva de dados- ou afogá-lo num purê de classes com galinha, farofa e números- vou logo abrindo o jogo com vocês, que não conhecem o outro lado da moeda- ou do túnel- por não serem suburbanos irrecuperáveis como eu.
Devido a sua alma atormentada - seus buracos, sua falta de saneamento básico, dificuldade de transporte etc - o subúrbio está descobrindo que tem o direito de exigir uma melhor qualidade de vida. Não se iludam, temos quintais, mas não queremos ser América Central de ninguém.

ALô , ALô, Realengo

Muito prazer em desconhecê-lo. Realengo foi um engenho de cana- de- açúcar nos tempos do Império. Dom Pedro I (aquele do "se é assim deixa que eu fico") costumava passar por aqui, seguindo para São Paulo , sempre com azeite fervendo nas veias, por uma certa Marquesa de Santos. Se fosse hoje, teria de enfrentar os engavetamentos da Dutra.
Ele gostava daqui, chegou até mesmo a plantar palmeiras imperiais e, num arroubo de elegência monárquica, resolveu chamar o lugar de Real Engenho- os escravos babaram! Mas o nome não pegou, como acabou acontecendo com a monarquia.
Agora, também somos conhecidos como gente de um lugar onde bombas salpicam do céu, sem endereço certo. Elas podem cair a qualquer momento, deixando cinzento o quadro bucólico de paz camuflada de verde-oliva. Dormimos pedindo a Deus e ao exército uma melhor pontaria, aqui na terra como no céu. Não existem abrigos antiaéreos próximos dos campos de manobras do Gericinó. Acho que vocês pensam que aqui não existe gente como a gente. É natural, vocês só estão acostumados com os foquetes que estouram, em Copacabana, na noite do Ano Novo. Você nao sabem o que estão perdendo.

OBUSES À PARTE

Por isso, o formigueiro treme de energia e medo. Um garoto heavy-metal, meu vizinho, aplaca sua ira- sua forma de abafar o sentimento de desprezo- numa guitarra barulhenta, vibrando o prédio onde moro. Grafiteiros estão em toda parte. O spray de uma dessas gangs- A Nazista- não perdoa. Não existe muro limpo que dure tempo suficiente para ser fotografado. Todo mundo quer se expressar- e não importa a maneira.
Esse exército de pichadores- do tamanho do exército regular brasileiro- age de várias formas, invadindo bares, praças, clubes, num ininterrupto vaivém noturno. Nem adianta chamar a Funai, ninguém vai para casa. São todos carentes, esquecidos das benesses do estado, que não destina verba para os grupos culturais da região- os parcos com asas.
Esperamos que a lona da prefeitura- que iniciou um projeto de circo cultural, na Ilha do Governador, para que a comunidade pinte e borde à vontade- aterrize por aqui, sensibilizada pelos números do IBGE. Vocês não sabem o que é isso, como diria Lorca: "quem nada em água doce não imagina o que é sede."

Trans-zona oeste Beat degeneration


Imagine que numa orquestra de grilos
o maestro é um vagalume que tem soluços

quinta-feira, 14 de agosto de 2008

...Meier, Pavuna, Realengo, Tijuca, Madureira, Penha, Centro, Bangu, Piedade, Paciência, Campo Grande, Botafogo!!!..


V O T E
vamos ajeitar o Rio
mais um pouquinho...

Momento pró-ético

Autonomia
Os habitantes do meu peito
moram numa cidade resolvida
de um povo intenso vivo
em cada casa
há fibra
pão
poesia
todo santo
é dia
toda santa
à noite
tece comentários
vagamente iluminados
todos crescemos saudáveis
sem funk ambulãcia nem policia.

quarta-feira, 13 de agosto de 2008

terça-feira, 12 de agosto de 2008

Leitura

Igreja de São Pedro, perto de casa, Durante o II Festival de Poesias, que apresentei. Essa Igreja serviu de locação para "o homem do sputinic", do Carlos Manga. Também é uma igreja das mais antigas do Rio. Um dia ainda faço um cineclube lá. Adivinha o nome?

ondas do rádio


Eu e Jotinha(Jota Carlos) em algum Momento na Rádio MEC, após uma visita ao seu Programa ARTE em Revista:
onde já fiz leituras e tive o carinho da Ângela Maria.

'JÕ SOARES", MAS E DAÍ...


o meu irmão Alexandre Félix
(fera do jazz e meu parceiro espiritual)
ao lado da cantora ugandense Hellen Andrews:
ambos formaram, com Ney da gaita, o excelente trabalho
" Hellen Andrews Jazz Trio" apresentado no INSTRUMENTAL MEC, que teve um CD GRAVADO AO VIVO NO PROGRAMA, com o meu apoio e a gentileza do J0tinha(que sempre acredita). Recentemente, a cantora, esteve no programa do Jô numa outra formação. Mas com os mesmos arranjos, esquecendo dos companheiros de viagem... De quem fez os arranjos e de quem divulgou a sua banda...

TEMPORÁRIO, COLÉGIO PEDRO II-REALENGO; um espaço maravilhoso!!!


João Braga, Alê Souto, abertura da exposição sexta, 08-08-2008\;temporário até 10 de 0utubro.


domingo, 10 de agosto de 2008

tarde

nossa tarde

Tarde bem aproveitada












ANGOLA INDEPENDENTE



Publicação Revista Ágora- 01-2004


REVISTA DE HISTÓRIA -SIMONSEN




Angola Independente

Eduardo Pimentel Affonso
Mário Luiz Siqueira de Araújo

Angola Independente conta os seus mortos, faz em novembro, 29 anos tentando encontrar a paz. A construção de nosso trabalho teve como objetivo a utilização da história oral. Desde o momento em que tomamos conhecimento dos temas propostos pela professora da cadeira de África, procuramos seguir a máxima de Ki – Zerbo: “A história da África é a história da sua tomada de consciência”. Angola, especificamente nos últimos 29 anos de independência, perpassa a consciência de que fala Ki – Zerbo. O fato de Angola não ter encontrado ainda a via pacífica pode significar bem mais do que uma tomada equivocada de consciência. Angola fez sua independência ainda no processo de guerra fria. É, portanto, ainda, vítima de ideologias conflitantes que perduraram no seio da construção do poder. A caricatura da situação angolana é refletida em milhares de mortos e na vitimação constante da população, exposta a milhares de minas terrestres. Pouco antes do trágico acidente que a vitimou, “Lady Di”, visitou Angola em campanha para a retirada destas minas e a proposta de suspensão da fabricação pela indústria mundial de armas. Esta situação é denunciada através do sítio HYPERLINK http://www.cafemongolo.cbj.net/ www.cafemongolo.cbj.net/, que alerta a todos sobre “a luta pelo poder”, que reproduzimos na íntegra abaixo: “Eduardo dos Santos e Savimbi (Jonas Savimbi), ambos sentados, cada um sobre o seu monte de corpos, disparando um sobre o outro, não balas, nem minas, nem insultos, mas corpos, sim, corpos de angolanos, a verdadeira munição utilizada pelas duas forças”. “A verdade é que nenhum dos dois quer paz, nenhum dos dois quer largar a luta pelo poder. A comunidade internacional não consegue actuar de forma isenta e parcial, também ela está refém das duas ambições”. “Cabe aos angolanos, apelar, gritar, rebelar-se contra os dois beligerantes. Mas não só, há que educar as mentes e os corações, há que fomentar o diálogo. Não se trata de uma discussão apaixonada, mas o verdadeiro futuro da nação, o banho frio que acalma a ira, para que os sentimentos não se imponham a razão”. Sempre pela paz Mulcuice HYPERLINK http://www.cafemongolo.cjb.net/ www.cafemongolo.cjb.net/ Embora o sítio convoque os angolanos para: “apelar, gritar, rebelarem-se contra os beligerantes”, tivemos dificuldade em encontrar dos angolanos que aqui estudam, alguma receptividade para soltar a voz pela paz em uma entrevista. Causou-nos estranheza, depois compreensão, a resistência em conversar conosco de um estudante angolano. “Não quero falar de política”. “A democracia não existe”. Ficou de trazer-nos o contato de um comandante do MPLA, que vive na Vila do João (RJ) e uma revista. Recebemos apenas a revista. Um material sobre os 25 anos de independência, realizado para convencer mercados externos. Mas a sorte não sorri duas vezes. Realizamos a entrevista com o professor Carlos Cabral, dias depois dele nos entregar um vasto material (xerox) e o livro África Arde, de Carlos Comitini (Editora Codecri), “para que nos preparássemos para entrevistá-lo”.
A vosso pedido. Optamos pela forma de entrevista por serem raras as oportunidades de trabalho com fontes primárias. Dedicamos esta entrevista a Francisco Manuel Meteque, nascido em Muambo (terra de Savimbi), em 15/08/1970. Meteque serviu no MPLA e fugiu da guerra. Vive numa favela, Vila do Pinheiro (RJ) e é servente no Aeroporto Internacional Tom Jobim. Meteque, que encontramos por acaso, declarou: “A situação em Angola é gravíssima e a guerra só interessa para quem lucra com ela”. Segundo ele “O MPLA domina 65% do território, cabendo o restante as mãos da UNITA”. Mas ao contrário da revista África Hoje (Nº 147), onde não aparecem os efeitos da guerra, “Angola está destruída”. “Os prédios de Luanda estão no chão”. “Não há quem tire isto daquele comovente olhar”.
Entrevista com Carlos Alberto Ribeiro Cabral, nascido na ex-colônia portuguesa de Nova Guiné, atual Guiné-Bissau. Carlos Cabral é professor, formado pela UFRS em Mestre em Oceanografia. Tem 46 anos e lecionou nas Faculdades Integradas Simonsen.

O Grupo: - Professor, o seu país tem relação com Angola, é uma das ex-colônias de Portugal. Antes de entrarmos nas especificidades de Angola, o senhor poderia nos falar um pouco sobre Guiné-Bissau e a independência?

Cabral: - Bom, a independência de Guiné-Bissau ocorreu devido a uma luta do PAIGC (Partido Africano para Independência da Guiné-Bissau e Cabo Verde), sobre a liderança do engenheiro agrônomo Amilcar Cabral, que pretendia após a independência da Guiné e Cabo Verde, uma união orgânica entre os dois países. Foram 17 anos de luta política, dos quais 11 foram de luta armada. Cerca de 2/3 da Guiné já estavam livres, quando ocorreu o 25 de Abril em Portugal, a Revolução dos Cravos (1974).

O Grupo: - Então, este fato alavancou a independência?

Carlos Cabral: - Com o movimento dos capitães portugueses. A partir daí, o governo Português aceitou entrar em negociação com o PAIGC. Houve uma reunião fracassada, que ocorreu em Argel, depois outras em Londres, na qual o Governo Português reconheceu a nossa independência, a partir de 10 de Setembro de 1974.
O Grupo: - Mas antes, como ocorreu o conflito?

Carlos Cabral: - Não havia acordo e cada parte fazia a sua propaganda, mas não havia diálogo. Cada qual dizia o que ocorria no teatro das operações e fazia a guerra de informações e contra-informações. Quando as negociações se tornaram eficazes, em Londres, o PAIGC estava presente através dos seus principais oficiais, enquanto Portugal enviou o Ministro de Negócios Estrangeiros, Dr. Mário Soares. Com o sucesso das negociações em Londres, então, as tropas portuguesas se retiraram. Houve a chamada Ponte - Aérea (Lisboa – Bissau / Bissau – Lisboa), os aviões vinham, três ou quatro aviões Boings por dia, para enviar as tropas de volta, e trouxeram navios para retirar todo o aparato bélico. O PAIGC foi entrando aos poucos na capital e a partir daí não houve mais problemas.

O Grupo: - Isso não aconteceu em Angola. Quando na verdade já havia um acordo para entrega do poder, o acordo é cumprido, mas há uma luta feroz pelo poder que ficará vago com a retirada repentina de Portugal.

Carlos Cabral: - Bom ... Eu cresci ouvindo rádio. Ouvia entre elas a BBC de Londres, a Belchevair da Alemanha, França Internacional, Rádio Moscou ... O meu pai ligava o rádio e eu ficava também escutando. Então vou fazer um depoimento do que eu ouvia na época, dos jornais que eu lia e de pessoas amigas que voltaram de lá e me contavam a situação. Apesar de ter havido um acordo (ALVOR, em Portugal), entre o governo de Portugal e os movimentos de libertação de Angola para a independência, em 11 de Novembro de 1975, os portugueses apenas deixaram o poder no chão e simplesmente saíram. O que diferentemente ocorreu na Guiné, pois em Angola ao saírem, destruíram tudo que tinham. Desde pratos, louças, até colocar areia nos canos, estragando tudo que não pudessem levar. Então o presidente do MPLA (Movimento Para Libertação de Angola), neste dia entre a tarde e a noite, proclamou a independência.

O Grupo: - Segundo lemos no livro de Carlos Comitini, África Arde, o desdobramento da independência proclamada pelo MPLA, desfechou uma série de ataques ao governo de Agostinho Neto em Luanda.

Carlos Cabral: - Logo em seguida a FNLA (Frente Nacional de Libertação de Angola), através de Holden Roberto, que segundo ouvi falar, seria cunhado do ditador do Zaire, Mobutu, o teria convidado para ajudá-lo a tomar o poder, invadindo Angola pelo Norte.
Não contente com isso a UNITA (União Nacional para Independência Total de Angola), de Jonas Savimbi, que consta tinha grande vinculação não só com os Estados Unidos da América, mas que também recebia suprimentos de Portugal, que preparava-se para uma espécie de Neo – Colonialismo, para através da UNITA invadir pelo Sul. Teve ajuda também da África do Sul racista e da Namíbia, que também estava sobre administração branca. Resultado: pelo Norte entraram as tropas da FNLA e ao Sul com a UINITA. própria África do Sul também entrou, junto com ele também entraram mercenários norte – americanos. Ao ponto que havia uma canção que aprendi na época, a qual na minha terra também cantávamos.

O Grupo: - Como é a canção?

Cabral: - “Norte – Americanos, invadem o nosso país ... (cantando) Sul – Africanos, invadem o nosso país ... Zairenses, invadem o nosso país ... A convite de Savimbi, A convite de Savimbi, Holden Roberto ... E por aí vai ... De fato houve algumas prisões de mercenários norte americanos. Aconteceu um julgamento em Luanda e foram condenados a morte. Mas depois houve comutação da pena. Isto foi bastante comentado na época, lá para 1976/77 ... Foi um julgamento internacional aberto e todos puderam saber do processo que estava se desenrolando. O Grupo: - Houve também a ajuda de Cuba para o MPLA? Não só de Cuba, mas da ex – URSS, Alemanha Oriental, Tchecoslováquia ... Outro dia ouvimos um documentário na Peaple and Arts, em que o próprio Fidel teria comandado a ofensiva do MPLA. Carlos Cabral: - A situação se tornou politicamente insustentável. Ao ponto que os combates chegaram até Luanda, que ficou praticamente como Beirute em tempo de guerra. Não se podia mais administrar a própria Luanda. Frente a esta invasão forte no Norte e do Sul, inclusive com tropas regulares da África do Sul, o novo regime de Angola, proclamado pelo Dr. Agostinho Neto, teve necessidade de apelar para que os países amigos o ajudassem. Nomeadamente Cuba, que consta mandar um efetivo que foi aumentado até atingir cerca de 20 mil homens.

O Grupo: - E o seu país, também enviou homens em armas?

Carlos Cabral: - Eu trabalhava no aeroporto Calanca, a 8Km da capital, que é a cidade de Bissau, cheguei a ver tropas uma vez e ouvi dizer que eram da artilharia antiaérea da Guiné – Bissau. Era um comando, uma companhia que tinha o nome de Abel Faci, pseudônimo de nosso imortal líder Amilcar Cabral. Eram especialistas que foram ajudar a defender pelo menos o espaço aéreo de Luanda.
Houve uma ajuda que seria multifacetada, entre as quais, uma pequena contribuição da Guiné – Bissau.

Grupo: - Voltando à Cuba. Outro dia vi um documentário produzido pela televisão americana, do canal Peaple and Arts, que dizia que o próprio Fidel Castro teria sido o comandante da reação e da ofensiva angolana, que essa ofensiva fora planejada e executada de Havana por ele.

Carlos Cabral: - Disso eu não soube, mas eu acho que as tropas cubanas têm bastante autonomia e capacidade. Acho que os que estavam a frente das companhias, pelotões e unidades, tinham condições de dar sozinhos conta do recado. Agora o que eu lamento muito, depois de todo esse problema, é uns pais (Angola), que passou anos e anos em luta pela libertação de seu território, que era uma coisa perfeitamente normal (...) o ano de 1960 já foi considerado o ano das descolonizações, o que ocorreu com as colônias francesas e inglesas, com essa colônia portuguesa, depois de tantos anos de sofrimento, após a independência não houve a paz, continuou a guerra. Bom, essa guerra perdurou até que houve a intervenção da ONU, houve o acordo, eleições, e mesmo assim a UNITA teima em não respeitar e boicotar esse processo.

Grupo: - O Senhor tem noção de quantos cidadãos angolanos, de qual é o contingente populacional que está fora de Angola neste momento?

Cabral: - Acredito que sejam milhares de refugiados, de gente repatriada, fora da pátria (expatriada), devido a esse problema de guerra. A situação internacional já está grave em termos de alimentação, de emprego, ... mas quando há um grave problema de minas, por exemplo, que há pouco tempo eu vi (...), teria sido no mês de Maio/ Março/ ou Abril, deste ano, que vi no Fantástico (...), que o número de minas em Angola é tão grande que vão passar gerações e gerações sem se conseguir, mesmo que houvesse paz de um dia para o outro, que neste mesmo tempo seria dificílimo retirar todas as minas. Além disso, há ataques da UNITA volta e meia. Eu sabia que a ONU estava trabalhando muito bem até os anos de 1988/89, quando depois um comandante da UNITA, chamado “Galo Negro”, um General, dos principais adjuntos de Savimbi, decidiu reiniciar a guerra e fazer novas investidas contra as tropas regulares do MPLA. A ONU neste período estava fazendo o desarmamento e eles tinham um prazo e se recusaram a cumprir. Então esse General reiniciou a guerra nas províncias do Sul. Ainda nesta semana, na semana seguinte a este atentado que ocorreu em Nova Iorque (11/09/2001), ouvi que as tropas da UNITA mataram cerca de 200 soldados. Grupo: - Quanto a essa questão, há um certo desinteresse quanto as informações sobre Angola. É uma contradição longa. Consta que o Brasil foi o 1(país a reconhecer a independência de Angola, o que já foi surpreendente, já que vivíamos aqui uma Ditadura Militar. Naquele momento, que era considerado de distensão política, com o General Geisel a frente do Governo Brasileiro, o Brasil reconhece a um Governo que faz a independência sendo Marxista – Leninista.Cabral: - Admito que o Brasil tenha sido o 1( país da América a reconhecer a independência. Porém, nós da comunidade Afro-portuguesa, ou seja, nós oriundos das ex-colônias portuguesas, reconhecemos a independência de Angola no ato de sua proclamação. Assim que soubemos da independência a reconhecemos imediatamente. Lembro de Ter ouvido em nossa rádio mensagens de felicitações do nosso presidente, Luiz Cabral, reconhecendo a independência de Angola. (de Angola, Moçambique, Cabo Verde, São Tomé e Príncipe, sempre ocorreu o reconhecimento imediato, quando a independência ocorreu nos países nossos irmãos. Agora quanto ao Brasil, reconheço e fico contente, porque o Brasil se manteve nessa linha de reconhecer as independências da ex-colônias portuguesas. Porque no mesmo caso de Guiné-Bissau, também o Brasil foi dos primeiros países a reconhecer a nossa independência. Ao ponto de que no momento em que se deu o golpe de Estado em Portugal (25 de Abril), já havia cerca de 70 países que haviam reconhecido a Guiné-Bissau, por conseguinte antes das negociações com Portugal.

O Grupo: - Mas a ajuda que o Brasil dá é suficiente? E a questão da informação a que nos referimos?

Carlos Cabral: - A ajuda que o Brasil dá poderia ser mais ampla. Lamento que o Brasil sendo um país de língua portuguesa, pois é irmão das ex-colônias portuguesas da África, de Angola, tanto quanto eu saiba a maior parte da população negra brasileira provém de Angola, já que Angola é um país de cerca de quase 2 milhões de quilômetros quadrados e teve parte de sua população dando duro aqui. O Brasil pretende se candidatar para o Conselho de Segurança da ONU e seria importante que fizesse pressão para o desarmamento da UNITA.

O Grupo: - Quanto a construção deste consenso, no caso do povo angolano existem feridas profundas. Os angolanos que vivem por aqui, inclusive, segundo soubemos, evitam falar no assunto com medo de retaliação lá. É uma memória pesada para superação.

Carlos Cabral: - O Brasil tem a fama de ser um dos países mais hospitaleiros do mundo, então, já que vieram para cá ao longo dos séculos 19 e 20, oriundos da Itália, Alemanha, do centro da Europa. Inclusive os povos do Extremo Oriente, Coréia, China ... Ouvi dizer que quando houve a guerra da Chechênia e outros países da Europa Central, no ano passado, o governo brasileiro estava disposto a dar terras para as pessoas que viessem para cá. Sempre foram recebidos de braços abertos. (nisso, como o caso dos angolanos, ao fiel cabo, são responsáveis por boa parte da origem da população brasileira. Deveriam ter mais apoio do governo brasileiro. Seria preciso que o governo estivesse disposto a fazer um levantamento para saber a tendência de cada um. Saber se o indivíduo era agricultor em Angola, dar-lhe uma chance aqui. Devia haver uma atenção especial para com essa comunidade. Nenhum angolano está aqui por gosto, estão aqui como refugiados de guerra. Existem laços fraternos que nos ligam, laços de história, de língua. A comunidade angolana aqui é a mais sofrida entre as línguas lusófanas.

O Grupo: - Conversamos com um estudante da Faculdade que é angolano e que declarou que os angolanos que aqui residem, a maioria está na Vila do João (Linha Vermelha), não falam em política para evitar revanchismo lá em Angola. O cidadão angolano que está aqui é vítima de generalizações e preconceitos ideológicos. Um exemplo dado pelo estudante é a confusão, aqui existente, de que o angolano oriundo do Norte supostamente estaria ligado ao MPLA, e o do Sul supostamente estaria ligado a UNITA. O que o senhor tem a dizer sobre isso?

Carlos Cabral: - A princípio é um problema que eu desconhecia. A princípio qualquer estudante que tenha vindo para cá, de qualquer forma, em princípio, tem um visto temporário. Provavelmente seja medo de que a própria Polícia Federal o considere “persona non grata”. O indivíduo está aqui e nem tem o visto de permanência e está se metendo em política? Pode ser esse o pensamento. Deve haver um receio por parte dos angolanos, de serem expulsos do país. Pode ser um receio das autoridades brasileiras, do que propriamente medo de represálias em Angola. Veja bem, se um indivíduo está falando com um patrício, essa conversa não vai vazar. Mesmo que seja com um brasileiro, a conversa vai ficar entre os dois.

Grupo: - Há um sítio, “cafemongolo.cbj.net/”, de exilados angolanos, que acusa as duas frentes, o governo angolano e a UNITA, de não quererem a paz. Há E-mail que repudiam as duas formas de poder. O que o senhor pensa dessa falta de acordo pontuada pelo sítio? E os países, porque deixaram de lado a luta pela paz em Angola? Parecem mais preocupados com a América, não?
Cabral: - Penso que toda a comunidade lusófana deveria reunir se para analisar a situação de angola, que se pensava que com o fim da Guerra Fria seria resolvida. Tanto quanto eu saiba, a cerca de uma década, nunca mais se falou do FNLA (Frente Nacional para Libertação de Angola), parece que desarmaram-se e se integraram livremente a população angolana. Mas isso não aconteceu com a UNITA. O MPLA, dizia-se, tinha o apoio da União Soviética, que seria socialista, ao passo que a UNITA, tinha apoio americano, capitalista. Era de se esperar que com o final da Guerra Fria, então, isto teria um fim, com o provável fim da guerra em Angola. Quem ficou financiando a UNITA? Mesmo porque houve a independência da Namíbia, que era branca e apoiava a UNITA e de outra base de apoio que ruiu com o fim do Apartaid e a eleição de Mandela, na África do Sul. A UNITA, em princípio, não pode indefinidamente lutar sem apoio financeiro. Mas, especialmente, Angola é um país muito rico, tem muitas reservas naturais: solo, subsolo, riquezas minerais. Mas, essa riqueza não está da mesma forma, sendo explorada para o bem estar do seu povo. Há um esforço de guerra e muitas vidas tem sido ceifadas. Há ataques contra comboios (trens), navios e até contra aldeias que necessariamente nem tomaram posição entre os dois grupos que lutam pelo poder.que é a comunidade lusófana que tinha que se reunir, pressionar o Conselho de Segurança da ONU, para que tomassem medidas efetivas pela paz. Os atentadosdo dia 11 de Setembro na América, parecem ganhar mais peso. O povo angolano que sofre desde 1975, já sofria antes, e continua sofrendo. Foram 25 anos de guerra de um povo extremamente martirizado. Era isso que eu tinha a dizer.

Savimbi morreu, agora Angola viverá?

"A História, como diz Hobsbawm, é a melhor de todas as observadoras."

Bibliografia

COMITINI, Carlos. África Arde: lutas dos povos africanos pela liberdade. Codecri.
KI_ZERBO, Joseph. História da África Negra II. Europa América, 1991.
História das Civilizações, Nº 63. Ed. Abril.
África Hoje, (política, economia e cultura), Angola 25 Anos, Nº 147.

domingo, 3 de agosto de 2008


"Do telhado nasceu uma cidade"

sábado, 2 de agosto de 2008

NÓS fomos os primeiros a fugir daquela fila em "os Incomprendidos"

QUE REI
SOU EU ?

Eduardo Affonso


CABEÇA.CABEÇA.CABEÇA DE DINOSSAURO!
TITÃS


Desde pequenos enchemos a nossa cabeça de imaginação vinda do passado. A nossa visão é recheada de símbolos da televisão: Olho de tandera(tandercats), z (zorro), S (super homem)... Enfim, que produzem na nossa cuca uma realidade que passamos a imitar. Criando na gente um senso de realidade(de visão guardada), que após crescermos não morre. Fica na nossa cuca, na imaginação, refazendo o que já passou e criando uma sensação de realidade que é pura. Além de ser muito segura, pois nos dá uma sensação de tranquilidade no presente. É como se estivessemos sempre passando pela mesma rua, onde já conhecemos os postes, os sinais, os cruzamentos, os devios e as pessoas que vivem em casas que pouco mudam. A segurança dc um senso de realidade, portanto construído(montado, como quem faz uma pista de skate) e que é constiuído(como que inaugura a pista e faz funcionar), porque está sempre lá, ao alcance da gente, sem perigo. A vida é assim. Só que precisamos encontar armadilhas pelo caminho, para realmente aprender a cair. Para SER de fato alguém que interfere nas coisas do passado. Um sujeito, valeu ?
O nosso livro tenta refazer este caminho com você. Demonstra que o Brasil foi o único império das américas, teve a sua família real, que deixou de existir como império. Mas que a sua herança continua e faz as nossas cabeças. Ao ponto que, para ver melhor a realidade como ela é, é preciso fechar os olhos e imaginar. Vamos fazer uma experiência de sala de aula? Então feche os olhos e se imagine criança outra vez. Esqueça que te disserram que você "é imortal" , "é fera", " a popozuda", "o sarado", fala sério... Feche os olhos e imagine, somente. Havia um tempo em que você via a Xuxa-lembra? Pois é, ela é ainda a rainha dos baixinhos. Também, você sabe que, desde que o mundo é mundo, o sol é ou não o nosso astro rei ? Chega o ano novo e pra onde todo mundo vai? Ora, levar flores pra Iemanjá, a rainha do mar. Calma, não abra ainda. Leve a sua mente para o triângulo cheio de bolas de gudes coloridas. Opa!!! "marraio, feridô sou rei !" Pronto, pode abrir.
Agora acorda. Você é parte deste passado, mas também constrói a sua realidade. Faz rap, funk, navega no cyber espaço, transa um estilo de vida bem seu. Será? Hum... Não esqueça que você já nasceu num mundo pronto. Mas essa é outra história, que muita gente reclama não ter culpa. De passagem nela e na vida, somos o resultado daquilo que desejamos. O desejo precisa de cuidado e responsabilidade. O mundo pronto, estabelecido, pode e deve ser transformado a todo instante. Inclusive nos fins de semana, onde a cultura de massa (de mercado) está presente. Quem faz rap também tem mãe que gosta do rei Roberto Carlos para dividir o Cd player. Roberto, o rei. Mas a moçada gosta mais do Mano Brau. É, parece, mais racional, um príncipe da poesia urbana da periferia. Se vivemos numa nação que só permite um negro como rei, Pelé o rei do futebol, concordo, está faltando razão. Rei Momo não vale, só é rei uma vez por ano e quando acaba o carnaval... Nem no desfile da campeãs dão espaço pra majestade.
A realeza representa nos corações e mentes do brasileiro o sonho de realização. A felicidade tem o espaço definido. Onde você pensa que estão localizados os castelos hoje? Uma pista: segurança e diversão num só lugar. Ora, Shopping. Lá, bem na Praças de Alimentação, está a corte da modernidade. Local que substitui o Paço Imperial, bem mais amplo, localizado onde hoje é a Praça XV, de onde D. Pedro I nossa majestade esticava o olhar para as novidades. Hoje o passado e presente seguem juntos, em locais bem diferentes. O PAÇO era público. O shopping tem dono (privado). Mas cumprem o mesmíssimo objetivo: azarar, comer, passear... Lugar onde cruzam olhares de príncipes e princesas do momento. Embora ande mesmo meio mudado. Pouca gente queira fundar um reino em casa, casar e ter filhos, logo após sair do shopping. Mamãe já não é mais a rainha do lar, porque foi trabalhar. Disputa outro reinado com papai no mercado apertado de trabalho. Realmente, outros tempos modernos.
Sigamos. É importante reconhecer que toda comunidade é um reino. Concorda? Os menos favorecidos desejam fazer parte do reino do consumo. Ter um tênis bacana, "grana para zoar", "carrão", "celular", "dvd", não seriam essas coisinhas títulos de nobreza? Sim, pois, quanto mais luxuosa a carruagem, maior o ganho de quem toma conta do cavalo no estacionamento. Vivas ao flanelinha de plantão! O resultado da não inclusão da maioria da população na distribuição de renda (din-din), da não igualdade de oportunidades (emprego/educação/moradia). Ah, se fosse apenas o flanelinha... É bom lembrar que a única monarquia das américas foi a última do mundo a libertar os escravos e fez isto de uma vez, que saíram das fazendas para as ruas sem um só tostão (din-din) nos bolsos. Se é que os negros tinham bolsos, porque nada recebiam pelo trabalho. Apenas comida e dormida, em sua imensa maioria.
Eram 700 mil, que subiram os morros porque não houve outro jeito de morar, nem de subir na vida até os nossos dias. As mulheres negras ainda puderam de alguma forma sobreviver melhor nas cidades, como faziam nas fazendas: cozinhar, lavar, passar. Mas embora a vida continuasse dura, também era para os homens negros. Estes foram direto para a marginalidade e criaram os "seus reinos nos morros da cidade". Reis Nagô do esculacho social, excluídos, lotam em sua maioria os grandes presídios de segurança máxima. Saber e poder estão no passado, presente e perigosamente, se não reconhecidos caminhando para uma repetição no futuro. Por isso a história pede para você fechar os olhos e imaginar. O que está em volta , visto de olhos abertos e não preparados para transformar, é repetição do saber e do poder constituído. Quer ver? Veja, pois fundar um novo reino, com "mobilidade social", ou seja, alcançar um bom salário, se formar em universidades (médico/engenheiro), não significa que a pessoa deixou de desejar ser rei (mentalmente) ou ter escravos para o seu bel prazer.
Concluindo, pensar e agir, sem repetir velhas historinhas do passado, entender o seu processo de vida e o que fizeram com ela, é o que de fato faz um sujeito da história. Os símbolos apenas servem para atravessar a rua, as avenidas, os aeroportos e mares. Mas não fazem de ninguém modelo de cidadão. Evitam, apenas, se bem observados, que a história seja apropelada e reduzida a cinzas. Pois no retrato desta memória colonial, que faz parte o nosso imaginário, estão razões muito fortes para chamar pessoas iguais "de meu rei" e desiguais também. Seja por interesse pessoal ou coletivo. É tudo uma questão de saber qual a frequência mental que estamos frequentando. A quem interessa deixar tudo como está num canto empoeirado da nossa própria cabeça. O primeiro lugar que temos que mexer para nos entender como rei de coisa alguma. Para começar.

UMA ABORDAGEM CULTURAL DE MONTESQUIEU


O ESPÍRITO DAS LEIS
E A DENSIDADE DO
FUNDO DA BASE FACTUAL
EM MONTESQUIEU

Eduardo Affonso


O escritor francês Montesquieu (1689-1775), autor de Cartas Persas (1721), Considerações Sobre Causas da Grandeza dos Romanos (1734) e do Espírito das Leis (1748), sendo este último livro obra inspiradora dos redatores da constituição de 1791, que tornou-se a fonte das doutrinas constitucionais liberais as quais repousam na separação dos poderes legislativo, executivo e judiciário.

O ESPÍRITO DAS LEIS
Uma abordagem cultural

Segundo Clifford Geertz (1978), o conceito de cultura tende a tantas generalizações que acaba gerando uma cultura de significados. Contra essa tendência a qual chama de “pantanal conceitual” ele argumenta da seguinte forma:

O conceito de cultura que eu defendo (...), é essencialmente semiótico. Acreditando como Max Weber, que o homem é um animal amarrado a teias de significados que ele mesmo teceu, assumo a cultura como sendo essas teias e a sua análise; portanto, não como uma ciência experimental em busca de leis, mas como uma ciência interpretativa, à procura do significado. (p. 15).

Concebida como um texto cujo significado sujeita-se a diferentes interpretações, uma cultura, então, é passível de diferentes leituras. Desse modo, a abordagem de Montesquieu sobre o Espírito das Leis apresenta-se como uma leitura possível dentre tantas outras de sociedades particulares, porém ao tentar generalizações perde-se em meio ao já referido “pantanal conceitual”.
Vejamos como isso ocorre. O esquema conceitual de montesquieu é sustentado por uma moldura histórica que revela o nascimento da ideologia liberal que irrompia em sua época, assim como pela sua condição social que lhe fora atribuída por seu título de nobreza. A política liberal que se instaurava nesse momento afirmava o direito do indivíduo de seguir sua própria determinação, o que vinha a afigurar-se como fundamento das relações sociais[1], embora sofresse limitações impostas pelas normas definidoras da ordem econômico-social estabelecida.
A grande contradição da linha de argumentação de Montesquieu declina de sua fragilidade ao ditar o liberalismo como um tratado acabado, uma lei universal, decorrente da correlação entre a natureza (clima, relevo) e, instituições, sujeitas a rupturas esporádicas. O desenvolvimento do liberalismo nos séculos XVIII e XIX, desafiando o Estado monarquista, aristocrático e religioso, tem como resultado a implantação de governos parlamentares e constitucionais, marcando claramente uma separação do clero e da monarquia. Mais tarde, já no século XX, nações de orientação liberalista como por exemplo aquelas que formavam o Reino Unido, mas também os Estados Unidos, aceitaram a intervenção do Estado para corrigir injustiças sociais ou mesmo formas de protecionismo econômico, enfrentando a oposição de não liberais.
Um exemplo cabal está na dinâmica de ruptura democrática dos anos 60/70, onde a prosperidade das democracias ocidentais esteve o tempo todo ameaçada abaixo da linha do equador com golpes de estado e intervenções pipocando aqui e ali, em quase toda América Latina. En passant para citar: Brasil (1964), República Dominicana (1965), Chile (1973), Argentina (1976), levando ao exílio milhares de cidadãos. Esta nova particularidade torna-se sistêmica e vai costurar todas as relações entre as nações fora do bloco desenvolvido, em Estados liberais que não chegaram a oferecer minimamente as suas populações formas eficazes de dirimir o impacto da pobreza e muitos deles, principalmente na América Latina e África, com casos isolados no próprio seio do liberalismo (Portugal e Grécia), viveram longos períodos de regimes de exceção com a quebra do Estado de Direito. Mas, todavia, faz-se mister debruçarmo-nos sobre a concepção do conteúdo do Espírito da Leis analisando-o sob a luz das referências teóricas da Sociologia e da Antropologia modernas visando, ainda que modestamente, qualificar as idéias (luzes) de Montesquieu através da análise das contradições teóricas presentes em sua obra magna.
Precisamos primeiramente entender o que Montesquieu entende por leis universais para então ver como elas tendem a conflitarem-se com situações onde tenham interpretações específicas (particulares). Mas, sigamos, mais adiante
A combinação de liberalismo e dirigismo estatal na economia, já neste século, torna-se responsável, entre 1950 e 1980, pelo surgimento das sociedades de consumo e bem estar social (Welfare States). Nos anos 80, a crise econômica e os novos parâmetros estabelecidos pela revolução tecnológica colocam em jogo políticas de benefício social dos países desenvolvidos. A resposta a essa realidade surge nos Estados Unidos da América do Norte e na Inglaterra na forma de neoliberalismo.
As idéias de mtq serão analisadas com base em teorias que, embora se apresentem de forma antagônicas (interpretativismo e estruturalismo), demonstram que sua concepção de leis universais careciam de um refinamento e de algum relativismo. Acreditava-se a sua época que o conhecimento científico era infalível e permitia desvendar o curso natural dos fatos. Na modernidade contemporânea o liberalismo enfrenta reações vindas tanto da parte do Estado (new deal, aneel, anatel, etc), quanto da sociedade civil organizada (ongs, partidos, sindicatos, tráfico, etc.).



O ESPÍRITO DAS LEIS
CAPÍTULO VIII
DO MONAQUISMO

‘O Monaquismo acarretou os mesmo males; surgiu nos países quentes do Oriente, onde não se é menos levado a ação do que a especulação.(...) as Índias, onde o calor é excessivo, estão repletas deles; esta mesmo diferença existe na Europa(...)”. A ótica de Montesquieu é determinista geograficamente, pois tenta basear-se numa observação feita sem nenhum rigor científico de observação do sistema de castas. Hoebel e Frost, em dados compilados da coluna 67 do Ethnographic Atlas, dizem que “tanto os sistemas de classe como os de casta apresentam algumas características ou comportamento dos subgrupos de uma sociedade, real ou socialmente definidos, de modos que se pode diferenciar as várias classes ou castas, um critério para marcar os subgrupos sociais é o da raça.” Neste sentido, o trabalho dos dois antropólogos segue a linha de trabalho de Weber, onde á uma coerência analítica é usada como ferramenta para escapar da subjetividade, no caso de Weber a escolha se estabelece no tipo ideal, que aqui aparecerá como raça. Na seção do capítulo 2(op.cit) intitulada A Relação da Raça com a cultura, pp 30-4, ambos salientam “(...) que os antropólogos não tem provas para demonstrar que as diferenças de comportamento entre subgrupos raciais da humanidade são causadas por diferenças biológicas ou genéticas; antes, como o comportamento cultural é apreendido e não geneticamente determinado, as diferenças de comportamento entre grupos à primeira vista fisicamente diferentes de seres humanos podem ser atribuídas à variação das experiências da enculturação e aculturação.”
Concluindo...
O antropólogo francês Claude Lévi-Strauss observa na página 42, As Estruturas Elementares do Grau de Parentesco, “Uma situação análoga pode apresentar-se em outros terrenos. O único meio de eliminar essas incertezas seria prolongar a observação além de alguns meses, ou mesmo de alguns anos. Mas nesse caso ficamos às voltas com dificuldades insolúveis, porque o meio que satisfizesse as condições rigorosa de isolamento exigido pela experiência não é menos artificial do que o meio cultural ao qual se pretende substituí-lo”.
Portanto, ainda que se inaugure um método estruturalista de observação do real, a certeza de se estar realizando algo de infalível contextualização, as particularidades do objeto de estudo deixam de lado a sua própria percepção, sua voz. Ainda que eu demonstre um enorme carinho por alguém como Henry THOREAU, que brindou a humanidade com WALDEN, de 1854, inspirando intelectuais a se insurgirem contra o convencional, tenho clareza que as observações de Thoreau, feitas no melhor intuito de redescobrir a terra e a natureza, são apenas observações que estão no campo de uma produção ideográfica. Elas pertencem a humanidade a humanidade, mas não podem reger leis universais, em detrimento da cultura de cada lugar. Mas não podemos ser uma ciência sem passado: “Uma geração não abandona as conquistas da outra como se estas fossem barcos encalhados(Thoreau).”
O caso de Montesquieu, O Espírito da Leis, guarda outras contradições mais graves. Pois, ele neste livro, sistematicamente recorre para colocar a natureza no contexto político contra o absolutismo, sendo parte integrada a neste contexto, tendo ele mesmo um título de nobreza, mas a sua forma nem sequer pode ser considerada científica em sua forma cultural; pois essencialmente não faz um estudo descritivo dos povos, raça, língua, costumes, etc.: não há uma rigorosa descrição da cultura material de um povo, qualquer um(etnografia). Aron, por exemplo, nos elucida ao criticar Montesquieu de forma geral: ‘Esses textos só podem ser compreendidos, a meu ver, se admitirmos que as explicações da instituições pelo meio geográfico são de tipo que um sociólogo moderno chamaria de relação de influência, e não de relação de necessidade casual. Uma certa cauda torna uma determinada instituição mais provável do que outra. Além do mais, o trabalho do legislador consiste, muitas vezes, em contrabalançar as influências diretas dos fenômenos naturais, em inserir no tecido do determinismo leis humanas cujos efeitos se opõem aos efeitos diretos e espontâneos dos fenômenos naturais; pág 37- As Etapas do Pensamento Sociológico.”
Montesquieu produziu um tratado de leis universais sujeito há recortes locais e, ainda, o fez de forma inconclusa( é bom lembrar que o estruturalismo também não conclui nada em sua totalidade, pois também é estreito não permitindo o relato do próprio grupo social investigado)e genérica, vejamos o olhar de Montesquieu sobre os índios da América.“O que faz que haja tantos povos selvagens na América é o fato de seu solo produzir por si próprio muitos frutos com o qual podemos nos alimentar( Capítulo IX- do solo da América)”. Ora, o universo das regras, mesmo que contextualize a prática neste caso natural da maioria dos povos indígenas das Américas como nômades e, em sua maioria o fossem, é preciso lembrar que a identidade cultural de muitos desses povos está em práticas de subsistência cujo o alvo é a pesca. Os Avacanoeiros, do Mato Grosso, podem ilustrar este exemplo. Finalizando, acredito, que Montesquieu é detentor de uma base factual padronizada em seu tempo histórico, que se estende em todo o século XIX e ainda está presente no senso comum no final do século XX. As pessoas continuam acreditando que os nossos compatriotas baianos, por exemplo, são indolentes e vivem em redes o dia inteiro, “que Deus ajuda o baiano a viver”; mas esta é uma questão que nos remete a um certo sentimento de inveja, caso fosse afirmada como verdade, é claro.


FIM


[1] Ao contrário de Marx, que defendia exatamente a transformação desse establichment.